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    CRÍTICA

    Moana é a mais interessante das princesas da Disney

    MARINA GALEANO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    05/01/2017 02h00

    Divulgação
    This image released by Disney shows characters Grandma Tala, voiced by Rachel House, left, and Moana, voiced by Auli'i Cravalho, in a scene from the animated film, "Moana." (Disney via AP) ORG XMIT: NYET607
    Cena da animação "Moana"

    A nova princesa da Disney é a primeira a rejeitar o rótulo de princesa. Voluntariosa, determinada, independente e autossuficiente, a protagonista de "Moana - Um Mar de Aventuras", que estreia nesta quinta (5) nos cinemas, foge do estereótipo de heroína presente na grande maioria das animações do estúdio.

    Nada de príncipe. Nada de par romântico. Com a árdua missão de salvar sua ilha e seu povo da destruição, a jovem polinésia de Motu Nui não tem tempo para historinhas de amor.

    Também em termos de aparência, Moana se distingue de suas antecessoras. A pele morena, o corpo torneado, os cabelos crespos, os olhos amendoados e decididos ajudam a construir a identidade de uma destemida navegadora da região do Pacífico Sul, dona de um espírito livre.

    De certa forma, "Mulan" (1998) e "Valente" (2012) já haviam quebrado alguns paradigmas embutidos nas produções do gênero, como a fragilidade das personagens e o romance sempre em primeiro plano.

    Mas, com essa nova aposta, o estúdio dá um passo além e oferece aos espectadores uma proposta inédita –principalmente em relação ao tema central da narrativa.

    Não se trata apenas da jornada de uma corajosa heroína para defender sua terra e sua família. A mensagem é mais ousada, mais ambiciosa e alinhada às demandas atuais da sociedade.

    A personagem toma as rédeas da própria vida mesmo se alguém tenta impedi-la de seguir em frente. Trata-se, portanto, de um filme sobre o empoderamento feminino, sobre a liberdade de escolhas.

    Filha do chefe de uma tribo da Polinésia, Moana vive dividida entre corresponder o desejo do pai de se tornar a próxima líder de Motu Nui e a atender ao chamado do oceano.

    Para dar conta de tamanho conflito, ela tem a ajuda da avó. Quando descobre que sua ilha e seu povo estão ameaçados, a garota parte em uma empolgante aventura marítima.

    No caminho, Moana precisa encontrar Maui, um semideus pouco modesto, grandalhão, cabeludo e tatuado, que irá acompanhá-la nessa expedição mítica, repleta de perigos e paisagens exuberantes.

    Ao retratar a cultura, as lendas e os cenários da Polinésia, a Disney dispõe de um prato cheio para exibir o auge de sua capacidade técnica em animação. Do início ao fim, o filme impressiona pela qualidade visual, pela riqueza de detalhes e pela perfeição.

    O cabelo da heroína parece ter vida própria; as tatuagens animadas de Maui –que funcionam como sua consciência– são uma atração à parte; o oceano é quase real.

    Tudo isso permeado por uma volumosa trilha sonora, com canções de Lin-Manuel Miranda, do samoano Opetaia Foa'i, além das instrumentais de Mark Mancina. Embora numa dose menor do que o cantarolante "Frozen" (2013), Moana também é um longa musical que, em alguns momentos, abusa da paciência.

    O exagero, porém, não atrapalha o ritmo da história. Humor, aventura, tensão e emoção embalam a saga da jovem navegadora e do parceiro grandalhão. Diversão garantida para crianças e adultos.

    Entre as princesas que a Disney já criou, a menos princesa de todas, é, de longe, uma das mais carismáticas, interessantes e contemporâneas.

    MOANA - UM MAR DE AVENTURAS
    DIREÇÃO: RON CLEMENTS E JOHN MUSKER
    PRODUÇÃO EUA, 2016, livre
    QUANDO: ESTREIA NESTA QUINTA (5)

    Edição impressa

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