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    'Se tiver que fritar bife, eu frito linda', diz Susana Vieira, que estreia peça

    MARIA LUÍSA BARSANELLI
    DE SÃO PAULO

    11/01/2017 02h15

    Valentino Mello/Divulgação
    A atriz Susana Vieira no monólogo Uma Shirley Qualquer, versão da peça Shirley Valentine, do britânico Willy Russell
    Susana Vieira em 'Uma Shirley Qualquer', versão da peça 'Shirley Valentine', do britânico Willy Russell

    Susana Vieira diz que há várias Susanas dentro de si. Ela, que nasceu Sônia Maria, mas adotou o nome artístico há mais de 50 anos, conta de seu lado atriz, outro mulher e dona de casa. Quando os cães começam a bradar, interrompe a conversa: "Não posso dar entrevista com os cachorros latindo", ouve-se do outro lado da linha. E ela retorna: "Desculpa, querida, essa é a Susana Vieira lado B".

    Já a Susana que chega ao palco do Teatro Renaissance, em São Paulo, a partir desta sexta (13) é uma representação da "mulher que somos todas nós desde o século passado e que continuaremos sendo até o ano 4000: metidas a corajosas, mas uns coelhinhos quando nos apaixonamos".

    A atriz estreia na cidade "Uma Shirley Qualquer", versão da peça "Shirley Valentine", do britânico Willy Russell, adaptada e dirigida por Miguel Falabella. No monólogo, interpreta uma dona de casa que, cansada da vida modorrenta, decide largar os afazeres domésticos e parte em uma viagem para a Grécia.

    Em cena, fala sobre o marido, o filho e sua "vontade de se soltar". É uma peça escrita há 30 anos, mas "atemporal", segundo a atriz. "Eu acho tão engraçado que o mundo fica mais moderno e a gente continua pisando em ovos em várias situações. Acho que a mulher mudou na independência dela, mas na alma mesmo não mudou muito não."

    "É o seguinte: todas nós somos donas de casa. Qual é a mulher que não lava um copo? Qual a mulher que nunca trocou a fralda de um filho? Você acha que aquela princesa linda lá [Kate Middleton] não troca uma fralda?"

    VALE TUDO

    Aos 74, a atriz repete aqui a parceria com Falabella (ele a dirigiu, entre outros, em "A Partilha", nos anos 1990). "Ele ia traduzindo [a peça] e eu fiquei encantada. Como eu sempre digo 'sim', sou 'Susana Vale Tudo', 'Susana Sempre Sim', eu falei 'sim' e depois fui ver o que era."

    E chega a São Paulo um ano e meio após um acidente ter interrompido a temporada paulistana de sua peça anterior, "BarbarIdade". Susana provava um novo figurino e, ao fazer uma pirueta, tropeçou na saia e fraturou o pé.

    "Eu tentei de tudo para fazer a peça, mesmo com o pé quebrado, em cadeira de rodas, com bota. Mas era um musical, e a graça mesmo era eu entrar dançando, cantando. Bem ou mal, mas era eu."

    Na época, começara a gravar a novela "A Regra do Jogo", na qual interpretava uma ex-prostituta.

    "Gravei um mês com o pé quebrado. A gente colocava um salto da altura da bota [imobilizadora] e eu fingia que tava dançando funk de bota. Era muito sacrifício, inchava, mas eu tô acostumada, meu amor. Comigo não é qualquer botinha que vai me derrubar não, pode ter certeza."

    "Shirley" estreou em Vitória no fim de 2016. Passou por Belo Horizonte, Porto Alegre e Campinas, entre outros, antes de chegar a São Paulo.

    Na temporada, a atriz diz ter recebido um público mais jovem, fato que ela credita à sua participação na bancada do "Vídeo Show", no ano passado, muito comentada pelo jeito espontâneo e sem papas na língua da atriz. "Ali era a Susana marca original."

    "Mas eu não podia fazer o que eu quisesse, não. Eu tinha uma censura, não sou uma pessoa maluca", diz a atriz, que na atração contou, por exemplo, que se recusou a fazer "Uga Uga" porque achou feio o nome da novela.

    Deixou o programa vespertino em dezembro para viver a vilã Cora na próxima novela das 23h da Globo, que começa a ser gravada em fevereiro. "Fiquei triste de sair. Queria fazer os dois."

    Também está escrevendo uma autobiografia, em parceria com o autor e especialista em teledramaturgia Mauro Alencar. Ainda sem título, deve ser lançada no segundo semestre. Uma visão, diz ela, sobre sua carreira e "as coisas que eu vi na vida".

    "É mais uma continuidade dessa minha maneira de ser: estar sempre em movimento, sempre trabalhando. Eu nasci para ter qualquer tipo de profissão. E, minha filha, se tiver que fritar um bife, eu frito liiinda. O bife vai sair meio ressecado, mas eu frito."

    *

    UMA SHIRLEY QUALQUER
    QUANDO sex., às 21h20; sáb., às 21h; dom., às 18h30; até 26/3 (não haverá sessão em 17 e 26/2)
    ONDE Teatro Renaissance, al. Santos, 2.233, tel. (11) 3069-2286
    QUANTO R$ 100
    CLASSIFICAÇÃO 12 anos

    Edição impressa

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