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    Crítica

    Documentário sobre Carrie Fisher e Debbie Reynolds é comovente

    ANDRÉ BARCINSKI
    CRÍTICO DA FOLHA

    11/01/2017 02h11

    Se alguém escrevesse o roteiro de um dramalhão inspirado na vida da família Fisher, o filme certamente seria tachado de caricato e exagerado: atores famosos se casam e têm dois filhos lindos; a família vira a queridinha da América e símbolo da prosperidade hollywoodiana; marido abandona a família para casar com a melhor amiga da esposa; filha entra em parafuso, começa a se drogar e quase morre; pai vicia-se em metanfetamina e morre no ostracismo; mãe e filha se odeiam, mas não conseguem se afastar. A filha morre. A mãe morre no dia seguinte.

    A verdade é que já escreveram um roteiro baseado nessa história, e foi a própria Carrie Fisher, que em 1990 roteirizou "Lembranças de Hollywood", com Meryl Streep no papel de Carrie (ou "Suzanne" no filme) e Shirley MacLaine vivendo uma personagem inspirada em sua mãe, Debbie Reynolds.

    Agora a HBO lança "Luzes Brilhantes", um documentário sobre o relacionamento entre Carrie e Debbie. A primeira é conhecida como a Princesa Leia de "Guerrra nas Estrelas"; a segunda, como uma das grandes divas hollywoodianas, atriz de clássicos como "Cantando na Chuva".

    O documentário traça a história da família Fisher e conta o escândalo ocorrido em 1958, quando o cantor galã Eddie Fisher largou Debbie Reynolds pela melhor amiga dela, Elizabeth Taylor, deixando dois filhos, Carrie e o caçula Todd.

    As melhores sequências do filme são as recentes, mostrando a vida de Carrie e Debbie. A primeira claramente sofre graves problemas psicológicos, mas usa humor negro e autodepreciativo para dar um pouco de alegria à sua vida: "Minha mãe sempre foi mais feliz com Hollywood do que com a família", diz, rindo. Já Debbie parece viver ainda nos anos 1950: não sai de casa sem um vestido extravagante, coleciona figurinos e é incapaz de falar uma frase que não soe ensaiada.

    Não é uma vida fácil: Carrie ganha uma grana autografando cartazes e fotos em convenções de fãs; Debbie faz shows em resorts para idosos. Quando as finanças apertam, Debbie organiza leilões para vender sua imensa coleção de figurinos hollywoodianos.

    "Luzes Brilhantes" pega leve com Carrie ao ignorar algumas das passagens mais dramáticas de sua vida, como o tratamento de eletrochoque que recebeu quando jovem e a morte de um amigo em 2005, por overdose de cocaína, na cama de Carrie. Mesmo assim, o filme é triste e comovente.

    *

    LUZES BRILHANTES (Bright Lights)
    DIREÇÃO Alexis Bloom e Fisher Stevens
    PRODUÇÃO EUA, 2016, livre
    QUANTO: em diversos horários e datas, na HBO, sendo a próxima em 12/1, às 15h15

    Edição impressa

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