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    Netflix escolheu Neil Patrick Harris para atrair público adulto

    GABRIELA SÁ PESSOA
    DE SÃO PAULO

    13/01/2017 02h00

    O que a Netflix sabe sobre sua audiência: as famílias têm deixado de ver televisão juntas. Pais podem preferir ver um determinado programa em uma TV com acesso à internet ou no laptop, enquanto os filhos veem seus programas no celular.

    "Mas nós entendemos que a noção de 'assistir junto' também evoluiu. Pode significar ver uma série no mesmo instante. Mas também, mesmo que as pessoas vejam separadamente, elas podem se reunir e falar sobre os episódios na mesa do jantar", diz Brian Wright, vice-presidente de conteúdo infantil e familiar da empresa.

    "Desventuras em Série", que estreia nesta sexta (13), é a tentativa mais recente da empresa de criar assunto entre pais e filhos. E a razão pela qual a empresa tirou Wright da vice-presidência da Nickelodeon, em 2014.

    Divulgação
    Louis Hynes, Malina Weissman, Joan Cusack, Neil Patrick Harris em cena da série "Desventuras em Série" da Netflix ORG XMIT: Neil Patrick Harris, Malina Weis
    Louis Hynes, Malina Weissman, Joan Cusac e Neil Patrick Harris em cena da série "Desventuras em Série" da Netflix

    Segundo o executivo, a Netflix avalia que não há conteúdo na TV "premium" atraente tanto para adultos (que pagam a assinatura) quanto para crianças e adolescentes.

    "Esse pode ser um diferencial entre nós e a concorrência, que ignora absolutamente esse público", diz Wright. E, por concorrência, ele entende "tudo, do YouTube à TV tradicional e a Amazon".

    Há bons seriados adultos, ele diz, como "Game of Thrones" (HBO) e "House of Cards" (Netflix). E boas produções juvenis, como "Shadowhunters".
    Mas faltavam aos seriados sacadas como as do cinema. Ele cita "Star Wars", "Jogos Vorazes" e as animações da Pixar, que são entretenimento puro para os menores e algo que pode ser tópico de conversação entre adultos.

    Uma publicação recente no blog da Netflix detalha como pensa o departamento de Wright, que estreou sua primeira produção em 2016: "Fuller House", retorno a "Três é Demais" 21 anos depois do último episódio do sitcom (no Brasil, Globo e SBT exibiram a produção nos anos 1990 e 2000). Outro exemplo é "Gilmore Girls", relançada no fim de 2016.

    A empresa destrincha a animação "Trollhunters", coprodução original com a Dreamworks, rival da Pixar: há no filme "15 piadas que os adultos irão adorar e as crianças não vão entender", "38 momentos que lembrarão o colegial" e "46 vezes em que as crianças vão entender totalmente as risadas".

    1+1=NEIL

    A matemática, no caso de "Desventuras em Série", começa pelo protagonista. Neil Patrick Harris vive o maléfico e sarcástico conde Olaf, vilão na série de livros juvenis de Lemony Snicket que deu origem ao seriado. No cinema, o papel coube a Jim Carrey.

    Harris é um velho conhecido do público adulto. Desta vez, empresta à história, em que martiriza três crianças órfãs, o seu timing para a comédia, visto nas nove temporadas de "How I Met Your Mother".

    O convite ao ator faz parte dessa estratégia de agradar também os mais velhos? "Exatamente", responde Wright. "A série é feita também para o consumo adulto, é uma prioridade absoluta."

    O Brasil é um mercado prioritário para a Netflix e, por aqui, estreias recentes na TV aberta tentaram dar conta do público familiar. Entre os exemplos estão a novela "Carinha de Anjo" (SBT), a série "A Cara do Pai" e o "The Voice Kids" (esses da Globo).

    Por ora, uma produção brasileira nessa linha não está nos planos da gigante do streaming, que estreou "3%" e prepara novas séries e realities nacionais –todos adultos.

    COMO NOSSOS PAIS - Como 'Desventuras em Série', Netflix planejou outras séries para adultos e jovens

    Fuller House (2016)
    A série derivada de 'Três é Demais' (1987-1995) atualizou a comédia familiar ao reunir atores da velha guarda com jovens e conseguiu, segundo a empresa, renovar sua audiência

    Stranger Things (2016)
    Pensado inicialmente para os nostálgicos dos filmes dos anos 1980, o seriado com Winona Ryder acabou agradando aos mais jovens, afirma Brian Wright, executivo da empresa

    Trollhunters (2017)
    A animação da Dreamworks (produtora de 'Shrek') para a Netflix prevê piadas que só devem ser compreendidas por adultos ao mesmo tempo que pretende fazer os pequenos gargalharem

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