Um dia após Donald Trump ser eleito presidente, metade dos EUA acordou desacreditado, como os Johnson, de "Black-ish", seriado sobre uma família de classe média de americanos negros.

A série de comédia foi a primeira a abordar o assunto espinhoso da eleição, na última quarta-feira (11), num episódio que trouxe várias vozes políticas, pediu unidade do país e foi definido pela revista "TV Guide" como a "primeira obra de arte pós-Obama".

O jornal "Washington Post" disse que o episódio, ao "dissecar" a vitória do republicado, encontrou a humanidade dos americanos em meio à discórdia política.

"Estou acostumado com coisas não acontecerem do meu jeito", diz o patriarca Andre "Dre" Johnson (Anthony Anderson) após uma longa discussão no trabalho.

Ele é um executivo de marketing que precisa lidar com um chefe republicano, mas que não votou em Trump, e com uma executiva branca que sim, votou no político. "Mas eu tenho amigos negros", ela responde ao ser chamada de racista por outro colega.

Enquanto nenhum trabalho é realizado durante semanas por causa da tristeza e revolta com as declarações de Trump, em casa os três filhos de Johnson também ficam à deriva já que a escola cancelou as aulas.

Já a matriarca Rainbow, vivida por Tracee Ellis Ross, 44, passa os dias fazendo doações a grupos que devem ser afetados pelo novo presidente dos Estados Unidos e usando seus broches e camisetas.

"O episódio não é para bater em Trump e sim para dar todas as perspectivas, homem, mulher, branco ou negro. Queremos contar como isso [a eleição] afetou todo mundo", disse Anderson, 46, num evento para a imprensa em Los Angeles.

"Foi um episódio especial porque a eleição separou o país, foi algo pessoal demais e queríamos falar sobre isso."

Tracee Ellis Ross, cuja personagem deve dar à luz no final da terceira temporada, afirmou aos jornalistas que ficou muito próxima da família Obama, ajudando desde o começo da campanha para o primeiro mandato do democrata, em 2008.

A atriz afirmou ainda que chegou a visitar a Casa Branca nove vezes.

"Não queremos dar uma resposta de como as pessoas devem pensar. Queremos criar diálogo e parar de julgar e difamar os outros. É o que mais falta no momento", diz Ellis Ross.

"A nova administração está trazendo sentimentos e ideias que existem neste país há muito tempo, mas que são novas para muita gente."

Ganhadora do Globo de Ouro de melhor atriz de comédia neste ano, Ross comentou que ainda não caiu sua ficha sobre o prêmio.

"Na minha idade, com a carreira longa que tenho, um prêmio não me valida como atriz, mas é claro que é um lindo presente", disse.

Filha da cantora Diana Ross, grande estrela do estúdio Motown e líder das The Supremes, a atriz falou que a mãe é uma inspiração constante em sua vida, não só nas roupas ou no cabelo, mas também nos caminhos que abriu para sua profissão.

"Ela é extremamente presente e tem um grande coração. Ela criou estradas que simplesmente não existiam para mim e meus irmãos. Sinto que estou aproveitando esta liberdade que ela trouxe e aumentando esta estrada."

NA TV
Black-ish
QUANDO seg. a sáb., às 12h10, no Canal Sony