• Ilustrada

    Sunday, 05-May-2024 14:15:26 -03

    Após turbilhão pessoal, Juliana Kehl reconstrói carreira com álbum pop

    AMANDA NOGUEIRA
    DE SÃO PAULO

    18/01/2017 02h20

    Foi com uma leva de novas cantoras que Juliana Kehl emergiu em 2010. Bela e afinada, lançou o álbum de estreia sob sua alcunha e despontou, assim como Tiê, Tulipa Ruiz e Karina Buhr. Dois anos depois, naufragou, como nenhuma outra entre elas.

    Com uma gravidez delicada de gêmeas, Kehl, 39, precisou ficar em repouso e interromper os shows. Em seguida, se separou do marido.

    "Uma das conclusões a que eu cheguei é a de que a maternidade é incompatível com tudo que não seja a própria maternidade", afirma.

    Eduardo Anizelli/Folhapress
    SAO PAULO, SP, BRASIL, 21-12-2016, 14h00: Retrato da cantora Juliana Kehl, que lanca seu segundo disco, "Lua Full", com producao de Gustavo Ruiz e Luiz Chagas. O album traz composicoes assinadas em parceria com Marcelo Jeneci, Maria Rita Kehl (irma de Juliana) e Serena Assumpcao, na faixa-titulo. O show de lancamento sera realizado no Sesc Pompeia, dia 20 de janeiro, e conta com participacoes de Thiago Pethit e Ze Pi. (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress, ILUSTRADA/MONICA BERGAMO) ***EXCLUSIVO***
    A cantora Juliana Kehl, que lança álbum após sete anos

    Sem encontrar uma equação que combinasse ser mãe e a vida nos palcos, pensou que a carreira de cantora tivesse acabado. "Aliás, tive certeza disso", diz. "Pensava: 'Nossa, como faz a Tiê? Como faz a Anelis [Assumpção]? Se elas conseguem, eu também tenho que conseguir'."

    Quando se recompôs, os empecilhos se tornaram menos imobilizantes e passaram, então, a servir de material para reconstruir o projeto que havia abandonado.

    "Esses acontecimentos todos modificaram o rumo da minha vida e a maneira de encarar o ser mulher", afirma.

    É justamente essa imersão na busca pelo feminino –já muito presente desde sua estreia– que guia o segundo álbum da cantora, "Lua Full", que ela apresenta pela primeira vez em show nesta sexta (20), no Sesc Pompeia, com a participação de Thiago Pethit e Zé Pi, que também a acompanham no disco.

    O single "Ladainha", antecipado no início do mês, já mostrava esse teor e confrontava uma das "descobertas" que vieram à tona durante o turbilhão pessoal.

    "Percebi que sempre fui muito condescendente com o machismo ao longo da minha vida e, de repente, isso se tornou intolerável, porque, além de ser mulher, eu tinha gerado duas mulheres. Eu tinha que pensar a minha maneira de me posicionar no mundo".

    Para a volta, produzida por Gustavo Ruiz e Luiz Chagas (filho e pai), Kehl trocou a proximidade com ritmos regionais por uma roupagem mais pop, a fim de se "comunicar mais diretamente".

    Deixou de se apoiar tanto nos artifícios da pós-produção, como no primeiro álbum, e optou por um som que evidenciasse a banda e facilitasse as apresentações ao vivo.

    'Ladainha'

    O título veio da faixa composta com a amiga Serena Assumpção, morta em 2016. "A notícia me pegou completamente de surpresa, foi muito chocante. Cheguei a achar que não conseguiria lançar o disco, mas depois pensei em fazê-lo como homenagem."

    O repertório também tira da gaveta a primeira composição de Juliana, "Sagitário", feita sobre poema da psicanalista Maria Rita Kehl, sua irmã.

    Novamente em movimento, Kehl já planeja seu próximo projeto: um álbum em que artistas como Marcelo Jeneci e o próprio Thiago Pethit, com quem divide os vocais da faixa "Red Number", em inglês, gravem canções em outras línguas, em busca de identidades escondidas.

    *

    JULIANA KEHL
    QUANDO sexta (20), às 21h
    ONDE Sesc Pompeia, r. Clélia, 93, tel. (11) 3871-7700
    QUANTO de R$ 6 a R$ 20, em www.sescsp.org.br

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024