A corrida do Oscar começa com cara de barbada. Com 14 indicações (recorde ao lado de "A Malvada", 1959, e "Titanic", 1997), "La La Land - Cantando Estações" parece destinado a ditar o ritmo na festa do dia 26 de fevereiro. Mas a história do prêmio mostra que nem sempre quem larga na frente confirma o favoritismo.

Nem é necessário puxar muito pela memória. Na cerimônia passada, logo que saíram as indicações, "O Regresso", com 12 nomeações, e "Mad Max: Estrada da Fúria", com dez, eram os destaques absolutos. "Perdido em Marte" vinha depois com sete. Mas quem venceu o prêmio de melhor filme foi "Spotlight - Segredos Revelados", que concorria apenas em seis categorias e aparecia no quinto ou sexto parágrafo dos textos pós-indicações.

No Oscar 2014, "Gravidade" e "Trapaça" tiveram dez indicações, mas perderam a estatueta principal da noite para "12 Anos de Escravidão", que tinha uma nomeação a menos. "Trapaça", aliás, entrou para a história da premiação como um dos maiores perdedores de todos os tempos após não ganhar nenhum troféu, igualando-se a filmes como "Gangues de Nova York", de Martin Scorsese, e "Bravura Indômita", dos irmãos Coen.

E teve gente pior. "Momento de Decisão" (1977) e "A Cor Púrpura" (1985) continuam como recordistas absolutos de maiores perdedores do Oscar. Cada um recebeu 11 indicações e não subiu ao palco para fazer discurso nenhuma vez. No primeiro caso, o vencedor da noite foi "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa", de Woody Allen, que estava indicado em cinco categorias. Já "A Cor Púrpura" perdeu para "Entre Dois Amores", com quem empatava em número de nomeações.

Ou seja, não é hora para os fãs-torcedores de "A Chegada" (oito indicações), "Manchester à Beira-Mar" (seis) ou qualquer outro nomeado a melhor filme perder as esperanças. O Oscar é como uma montanha-russa. E as indicações só mostram que "La La Land" está lá em cima no momento, mas ainda pode cair... ou não.