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    Medo de terrorismo faz público de museus parisienses minguar

    FERNANDO EICHENBERG
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PARIS

    31/01/2017 02h20

    Joël Saget - 12.fev.2015/AFP
     (FILES) This file photo taken on February 12, 2015 shows A sign shows the symbol of France's national security alert system "Vigipirate", set at the highest "Attack alert" level, near the Louvre Pyramid in central Paris on February 12, 2015. AFP PHOTO / JOEL SAGET Taking place in a time when the risk of terrorim is considered very high, in the wake of several terror attacks in the last two years, the 2017 French presidential elections will be held under a state of emergency, an unprecedented situation under the Fifth Republic. / AFP PHOTO / JOEL SAGET ORG XMIT: 7266
    Louvre em estado de alerta em 2015, um mês após os ataques à redação do 'Charlie Hebdo'

    O Museu do Louvre, emblema da cultura francesa, se mantém mais do que nunca na lista de alvos atingidos de forma colateral pelos atentados ocorridos no país em 2015 e 2016.

    Os ataques jihadistas e o permanente temor terrorista provocaram, no ano passado, uma queda em torno de 6% do turismo em Paris.

    Mas o choque nos museus da cidade foi mais amplo. O Louvre, lar da "Mona Lisa" de Leonardo da Vinci, sofreu uma baixa de 15% de sua frequentação em 2016, somando um total de 7,3 milhões de visitantes e uma perda de receita estimada em 9,7 milhões de euros.

    O desempenho negativo, pelo segundo ano consecutivo, ameaça seu posto de até então museu mais visitado do mundo, agora cobiçado pelo British Museum, de Londres.

    Cerca de 70% dos visitantes do Louvre são estrangeiros, índice que explica a evasão nas bilheterias. Os japoneses encabeçam a relação dos turistas desertores (-61%), na qual aparecem ainda os brasileiros (-47%), chineses (-31%) e americanos (-18%).

    O número de visitantes franceses permaneceu praticamente estável nos últimos dois anos, em torno de 2 milhões, apesar da redução das visitas escolares, de 510 mil para 365 mil.

    Para piorar, as enchentes do rio Sena em junho último causaram o fechamento do museu por quatro dias, numa perda de até 200 mil entradas.

    Para recuperar seu público neste início de 2017, o Louvre conta com o efeito das reformas promovidas em meados do ano passado: melhorias nas áreas de acesso aos visitantes e modernização da compra de ingressos, por via digital, para reduzir as longas filas e o tempo de espera.

    Na programação deste ano, a atração maior será uma grande exposição em torno do pintor holandês Vermeer (1632-1675), a partir de 22/2.

    Sinal dos tempos, no ano passado foram fixados, ao longo do calçamento à frente da pirâmide de vidro do museu, enormes cubos para impedir eventuais ataques por meio de veículos de grande porte.

    O Museu d'Orsay também sofreu os efeitos colaterais da onda terrorista. Com um saldo de 3 milhões de visitantes, o templo do impressionismo fechou o ano de 2016 com uma queda de 13% de público em relação ao ano anterior.

    Colaboraram para limitar a perda as exposições de Douanier Rousseau –de março a julho, com um total de 480 mil visitantes– e de Frédéric Bazille –que desde o último 15 de novembro tem registrado uma média de 4.000 pessoas por dia.

    Em 2017, o Orsay espera encher suas salas com a mostra "Além das Estrelas - A Paisagem Mística", com obras de Monet, Van Gogh, Klimt, Munch, Gauguin e Kandinsky, a partir de 14 de março.

    Na contramão da curva descendente, o Centro Pompidou comemora nesta terça (31) seus 40 anos de existência e também seus 3.336.509 visitantes do ano passado.

    Em meio ao quadro sombrio das demais instituições, o centro cultural obteve um crescimento de 9% de seu público de 2015 para 2016.

    A façanha é creditada à fidelidade do público francês e a sua menor dependência de turistas estrangeiros. A atratividade foi garantida principalmente pelas exposições de René Magritte (com 597.390 visitantes), Paul Klee (381.153), Anselm Kiefer (297.795) e sobre a Geração Beat (227.270).

    Para manter performance, o Pompidou apresenta um intenso programa de aniversário, com mostras de David Hockney, César, Josef Koudelka e Walker Evans.

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