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    Figura-chave da Tropicália, Lanny Gordin completa 50 anos de carreira

    AMANDA NOGUEIRA
    DE SÃO PAULO

    02/02/2017 02h19

    "Sabe aquele disco que o Lanny toca?/ Qual?/ Aquele do Caetano?/ Não/ Aquele do Gil?/ Não/ Aquele da Gal?/ Não/ Aquele do Macalé?/ É/ Sabe aquele Lanny?", diz a letra de Chico César sobre o excêntrico guitarrista com o qual gravou seus primeiros discos nos anos 1990.

    Figura-chave nos álbuns da Tropicália e por vezes chamado de "Hendrix do Brasil", Lanny Gordin é venerado por artistas e guitarristas, mas, como muitos músicos de estúdio –como ele foi no início de sua carreira–, parece não ter conquistado o mesmo alcance com o público geral.

    Aos 65 anos e 50 de carreira, Gordin vira protagonista de duas homenagens que tentam aproximar o público de suas famosas linhas de guitarra, influenciadas pelo jazz e pelo rock setentista.

    Assim como na canção "Lanny Qual?", foi também por meio de Jards Macalé que o cineasta Gregorio Gananian Neto chegou a Gordin, quando dirigia "Sinfonia Jards",que teve participação do músico como convidado.

    "Lembro que o primeiro acorde que ele tocou já me interessou, porque saía de um pensamento de ritmo e se aproximava mais de uma ideia de pulsação, como as ondas no mar", diz Gananian Neto.

    Não demorou muito para o cineasta se convencer de realizar um filme com Lanny Gordin, que, segundo ele, teria "mudado sua vida".

    Com a roteirista Danielly Omm, optou por fugir do estilo documental e se aproximar do que seria um ensaio. "Não é um tratado, o filme não vai mostrar a história do Lanny, mas sua essência", diz.

    Para ele, manter a linearidade seria "quase como uma traição à figura do Lanny". Gananian Neto buscava uma experiência para compartilhar nas telas um esquizofrênico mais lúcido do que a maioria. Propôs, então, uma viagem à China, local de nascimento de Gordin.

    O filme, uma espécie de poema visual sobre o músico, deve estrear em festivais ainda neste ano, antes de chegar às salas de cinema.

    Trecho do filme 'Inaudito'

    O vídeo promocional e o trecho do filme, antecipado com exclusividade pela Folha, são apenas prévias e não correspondem às versões finais do filme, que ainda passa pela finalização.

    QUERO SER LANNY

    Excertos de "Inaudito: com/por Lanny Gordin" serão exibidos, em primeira mão, em dois shows tributos ao guitarrista no Sesc Pompeia, nesta quinta (2) e nesta sexta (3).

    Com problemas de saúde, Gordin não deverá estar presente. Mas estarão lá Arnaldo Antunes, Chico César, Edgard Scandurra, Juçara Marçal, Negro Leo, Rodrigo Amarante e Tulipa Ruiz, organizadora do evento ao lado de Neto, de seu irmão, o produtor Gustavo Ruiz, e do guitarrista Guilherme Held.

    "Ele fala da música pura, o que é muito bonito, da livre improvisação. Para ele, todas as notas valem em qualquer tempo e momento, a gente não consegue entender, mas o Lanny tocando faz sentido", diz Gustavo, que, assim como Held, foi aluno de Gordin.

    O produtor conta que o repertório será um recorte do que consideraram mais emblemático na carreira do guitarrista, que não participará da ocasião. São canções como "Eu Vou Me Salvar", de Rita Lee, "Back in Bahia", de Gilberto Gil, e "Não Identificado", de Caetano Veloso.

    *

    LANNY GORDIN TOTAL
    QUANDO qui. (2) e sex. (3), às 21h30
    ONDE Sesc Pompeia, r. Clélia, 93, tel. (11) 3871-7700
    QUANTO R$ 9 a R$ 30; 18 anos

    Edição impressa

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