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    João Montanaro testa estilo diferente em 'Eu Não Me Arrependo de Nada'

    DIOGO BERCITO
    DE MADRI

    04/02/2017 02h11

    Quando a Folha aborda João Montanaro, 20, para uma entrevista, ele diz: "Oh, não, que horror". Ao concordar, ele sugere, jocoso: "Comece dizendo que não respondo a mensagens, não confirmo acordos e minto quando digo que me comprometo".

    Há mesmo algo de fugidio nesse jovem chargista, que desenha para o jornal desde 2010, quando tinha 13 anos.

    Ele critica o próprio trabalho e, na foto na biografia de seu novo livro, "Eu Não Me Arrependo de Nada", esconde seu rosto dentro de uma sacola de papelão cor bege.

    João Montanaro/Divulgação
    Cartum de João Montanaro que integra sua nova coletânea independente
    Cartum de João Montanaro que integra sua nova coletânea independente

    Mas, a despeito desse aspecto, ele já se firmou como nome forte da charge nacional, habitando o panteão de veteranos como Angeli.

    Em uma espécie de crise de meia-idade muito adiantada, ele se pergunta o que fazer das próximas décadas. "Quero brincar de outras coisas."

    Montanaro publicou em 2010 seu primeiro cartum político. Naquele mesmo ano, lançou "Cócegas no Raciocínio", vencedor de um troféu HQ Mix, do mercado de quadrinhos. "Eu era muito bobo."

    "Com muita sorte, consegui o que queria quando era pequeno, que era trabalhar na Folha, fazer desenho ao lado dos caras que eu lia."

    O cartunista aperfeiçoou o traço e a cobrança. "Não sei se atingi a excelência criativa que queria, mas consegui fazer o que almejava."

    Montanaro entrou recentemente em um curso de design gráfico e quer testar outros formatos –ânsia que resultou no livro que lança agora.

    A obra reúne ilustrações diferentes de suas charges semanais. São cartuns divertidos, de algum azedume, sobre temas variados como internet e o pecado original.

    Dedicou três meses à produção do livro, valendo-se das aulas da faculdade para criar o produto. "Dificilmente teria conseguido sozinho."

    Os desenhos são feitos em pena e nanquim, em um estilo também diferente de seu habitual. O sombreamento é o resultado de blocos alternados de linhas paralelas, emulando o estilo do italiano Sergio Toppi. "Cria todo um movimento maluco", diz.

    O prefácio de Felipe Nunes diz que há "muito de Montanaro" nas páginas. "Não sei o que é 'muito de Montanaro'. Os erros. Um monte de desenhos que poderia ter refeito melhor", opina. Modéstia.

    *

    EU NÃO ME ARREPENDO DE NADA
    AUTOR João Montanaro
    EDITORA publicação independente (joaomontanaro.iluria.com/ index.html)
    QUANTO R$ 25 (64 págs.)

    Edição impressa

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