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    Nova novela de época da Globo, 'Novo Mundo' tratará de problemas atuais

    FELIPE GIACOMELLI
    ENVIADO ESPECIAL AO RIO

    06/02/2017 02h06

    Tem Dom Pedro, Dom João, José Bonifácio e a imperatriz Leopoldina. Mas "Novo Mundo", a nova novela das seis da Globo, com estreia prevista para março, não é nenhuma aula de história.

    "A gente foge do didatismo, não vira nenhuma aula do segundo grau", avisam os autores Thereza Falcão e Alessandro Marson.

    Na nova trama, a Globo volta a investir em uma novela de época no horário das 18h. É o oposto de "Sol Nascente" —folhetim no ar e que se passa nos dias de hoje—, que levou cerca de três meses para se firmar na audiência.

    Para fugir do clima de telecurso sobre a história do Brasil, a solução encontrada pelos dois autores em "Novo Mundo" foi dar mais atenção às histórias dos anônimos.

    César Alves/Globo/Divulgação
    Isabelle Drummond interpreta a protagonista Anna Millman em "Novo Mundo"
    Isabelle Drummond interpreta a protagonista Anna Millman em "Novo Mundo"

    Como a novela se passa entre 1817 e 1822, entre a vinda de Leopoldina ao país e o processo de Independência, os fatos históricos serão mostrados, mas a ideia é focar como eles afetaram a vida dos demais habitantes do Brasil.

    "É como se a gente estivesse olhando por trás das cortinas. O acontecimento é o quadro de Pedro Américo, com aquele tanto de gente, mas e os bastidores daquilo? São coisas assim que queremos contar", afirma Falcão.

    Daí a opção de misturar a realidade com a ficção. Ainda que Caio Castro viva Dom Pedro e Letícia Colin seja Leopoldina, os protagonistas são Isabelle Drummond (Anna Millman) e Chay Suede (Joaquim Martinho).

    Ela é uma professora de português que acompanha a futura imperatriz em sua vinda ao Brasil; ele, um ator boêmio e despreocupado.

    É justamente no trajeto entre Europa e América do Sul que acabam se conhecendo. Joaquim precisa escapar de uma festa, na qual é acusado de ter roubado ouro. Na fuga, vai parar em uma caixa, cujo destino é o barco que fará a viagem. Ao sair do esconderijo, se depara com Anna.

    A fantasia volta a tomar conta quando a embarcação é atacada por piratas, já próxima ao litoral brasileiro.

    "Realmente havia piratas aqui, e eles afundavam os barcos, mas não atacaram o de Leopoldina. Não é uma coisa totalmente fantasiosa, poderia ter acontecido. Mas é ficção", explica Marson.

    Os autores também se valem da licença poética para contar a relação entre Dom Pedro e a Marquesa de Santos, sua amante.

    "Oficialmente, eles se cruzam a primeira vez em 29 de agosto de 1822, mas outras versões que lemos falam que já se conheciam anteriormente. Obviamente a gente usou essas, porque fazia sentido para a história, que vai só até a Independência", diz Falcão.

    Ainda que a novela se passe há cerca de 200 anos, os autores esperam que ela ajude a refletir. Afinal, muitos problemas do país são os mesmos desde aquela época.

    "A novela fala de preconceito, e o país vivia uma crise econômica, porque quando Dom João foi embora, não deixou um centavo nos cofres públicos. Não adianta fazer uma novela de época e não ter nenhuma ligação com o presente", explica a dupla.

    O jornalista viajou a convite da Globo.

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