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    'Comédias de sucesso falam com a classe média', diz Bruno Wainer

    LÍGIA MESQUITA
    EDITORA-ADJUNTA DE CULTURA

    15/02/2017 02h08

    Fohapress
    Bruno Wainer distribuidor da Downtown Filmes
    Bruno Wainer distribuidor da Downtown Filmes

    O carioca Bruno Wainer, 55, diretor da distribuidora Downtown Filmes, fez o lançamento dos maiores sucessos do cinema nacional nos últimos anos ("Se Eu Fosse Você", "Minha Mãe É Uma Peça","De Pernas pro Ar", entre outros). Em vários destes foi também coprodutor, como em "Minha Mãe É Uma Peça 2". Wainer falou à Folha sobre o sucesso do longa.

    Folha - O "Minha Mãe..." chegou a mais de 9 milhões de ingressos vendidos. Alguma chance de ainda conseguir bater recorde de público?

    Bruno Wainer - Só teve dois filmes que venderam mais do que isso desde a retomada do que a gente conhece como cinema moderno, é um tremendo feito. Acho que não dá mais para vender milhão de ingressos. Cinema tem uma hora que entra numa aritmética. A lógica é que nas próximas semanas deva cair o número de ingressos vendidos.

    Por que "Minha Mãe..." arrecadou mais que "Os Dez Mandamentos" vendendo menos?

    Existem cinemas com preço mais alto e mais baixo. "Os Dez Mandamentos", que lançamos junto com a Paris, teve sucesso maior nos cinemas com ingressos mais baratos. Já o "Minha Mãe..." fez um preço médio maior, porque agradou tanto nos populares quanto nos de ingresso mais caro.

    Quais são os fatores de sucesso do "Minha Mãe..."?

    O ponto em comum das comédias recentes que fizeram sucesso é que tratam de assuntos ligados à classe média: família, dinheiro, relações. Todas têm isso em comum, se comunicam com a classe média. Em cima desse tema existe um ator e autor fora do comum, com todo esse carisma, que é o Paulo Gustavo. E ele atende a um público vasto, de 8 a 80. E esse personagem que ele encarna é de uma identificação enorme.

    Por que o segundo filme faz mais sucesso que o primeiro?

    Todos foram assim. O primeiro fez muito sucesso, agradou e o público criou carinho. Aí o segundo já vem embalado no sucesso do primeiro.

    Por que para fazer sucesso no cinema nacional hoje tem que ser comédia? Para alguns críticos elas são "rasas".

    Elas são tão pessoais e autorais quanto os ditos filmes de autor. Os temas dizem muito de quem é o brasileiro, o resto é visão preconceituosa. Historicamente a comédia sempre foi um dos poucos gêneros que o público que consome cinema nacional elegeu. Desde chanchadas, Mazzaropi, Grande Otelo. Comédias sempre adoradas pelo público e desprezadas pela crítica.

    No Brasil deveríamos olhar mais para arrecadação do que para ingressos vendidos?

    Totalmente. O que importa é o "box office", a grana, igual nos EUA. O número de ingressos te dá parâmetro de quantas pessoas foram assistir, mas estamos falando de uma indústria e importa quanto ela gerou de riqueza. Quando um filme nacional faz bonito no "box office" ele está enfrentando produções de Hollywood.

    Em 2011 você disse à Folha que não existia um filme de sucesso sem ter a Globo Filmes. Continua achando isso?

    Não. O mundo gira, avança. A Globo Filmes é uma grande parceira do cinema, mas hoje a força da internet é outra e temos novos "players". A Record e o SBT se moveram.

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