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    Festival de Berlim 2017

    Elogiado, filme de Laís Bodanzky discute estrutura familiar

    GUILHERME GENESTRETI
    ENVIADO A BERLIM

    17/02/2017 02h02

    Divulgação
    Cena do filme 'Como Nossos Pais', que está na programação do Festival de Berlim 2017
    Cena do filme 'Como Nossos Pais', que está na programação do Festival de Berlim 2017

    Entre filmes históricos e produções que exploram os rincões do país, o longa "Como Nossos Pais", de Laís Bodanzky, é o que mais destoa no conjunto das 12 obras brasileiras selecionadas para o Festival de Berlim deste ano.

    Ambientado na São Paulo contemporânea, o longa, exibido na seção Panorama, traz Maria Ribeiro no papel de Rosa, mulher em seus 30 e tantos anos que reflete sobre sua identidade enquanto lida com as filhas pequenas, o marido idealista (Paulo Vilhena), sempre ausente pesquisando tribos amazônicas, e bate de frente com a mãe temperamental (Clarisse Abujamra).

    "É bom mostrar um cinema que não é para gringo, com violência ou extrema pobreza", diz a atriz Maria Ribeiro, com a experiência de quem já apresentou em Berlim o "favela movie" "Tropa de Elite", de José Padilha.

    "Como Nossos Pais" lidera a onda de produções brasileiras dirigidas por mulheres na mostra alemã: das 12 selecionadas para Berlim, metade é de cineastas do sexo feminino. "Acho que a força vem até pelo fato de esse ser um discurso novo e o festival estar aberto a tudo", diz Bodanzky.

    A diretora conta que escolheu Maria Ribeiro para ser a protagonista por causa do trabalho da atriz como apresentadora do programa "Saia Justa". "Uma vez por semana ela refletia sobre a condição da mulher e tinha a coragem para expor o que pensava."

    REVELAÇÃO

    Na trama, Rosa entra em uma espiral de questionamentos sobre trabalho e casamento depois que a mãe revela que ela não é filha de seu pai (Jorge Mautner), mas de um caso que ela teve em Cuba.

    "O filme não lida com uma temática local, brasileira", diz Bodanzky. "Discutir a estrutura da família é uma conversa do momento em vários lugares. Herdamos uma estrutura que não corresponde aos tempos contemporâneos."

    O longa, produzido pela Gullane, ganhou comentários elogiosos da imprensa estrangeira. A "Hollywood Reporter" exaltou os diálogos do roteiro, escrito por Bodanzky e por Luiz Bolognesi, e o desempenho de Maria Ribeiro.

    A atriz comenta o êxito do longa. "Parece que insistimos que o cinema tem a obrigação de só falar de grandes tragédias, mas os nossos pequenos dramas cotidianos também são interessantes. A vida de todo mundo é um pouco épica."

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