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    Peça 'Palavras Corrompidas' questiona a vulnerabilidade dos discursos

    MARIA LUÍSA BARSANELLI
    DE SÃO PAULO

    19/02/2017 02h15

    Lenise Pinheiro/Folhapress
    Sao Paulo, SP, Brasil. Data 15-02-2017. Espetáculo Palavras Corrompidas. Ator Matteo Bonfitto. Sesc Ipiranga - Auditório. Foto Lenise Pinheiro/Folhapress
    O ator e diretor Matteo Bonfitto durante ensaio de 'Palavras Corrompidas' no Sesc Ipiranga

    As palavras, diz Matteo Bonfitto, seriam apenas a ponta do iceberg. Por baixo da camada de água, esconderiam outros significados: ideias distorcidas, mascaradas por um falar dissimulado.

    É nessa questão da vulnerabilidade do discurso (por vezes dúbio ou mentiroso) que o ator, diretor e dramaturgo se baseia para o monólogo "Palavras Corrompidas".

    "O projeto começou a ganhar corpo por uma indignação com essa degeneração ética, política e existencial que estamos vivendo, não só no Brasil", diz Bonfitto. Também é um desdobramento de seu trabalho de performer no Performa Teatro "" Núcleo de Criação e Pesquisa Cênica.

    O encenador criou a peça a partir da "Carta de Lorde Chandos", de Hugo von Hofmannsthal. Publicada num jornal berlinense em 1902, a carta é assinada pelo personagem fictício Lord Philip Chandos, escritor do século 16 que descreve ao amigo e filósofo Francis Bacon sua angústia: decide parar com a escrita. Ironicamente, o faz escrevendo.

    O texto de Hofmannsthal guardava um certo pessimismo e a crise de valores que assolava a Europa do pré-Guerra. Já na versão de Bonfitto há o que ele chama de "manifesto positivo": reconhecer os problemas e a partir deles vislumbrar o resgate de questões positivas. Ainda se baseia, como no restante da sua pesquisa no Performa Teatro, na filosofia de nomes como Wittgenstein e Pierre Hadot.

    Na pele do personagem em crise, o ator começa a peça na quadra do Sesc Ipiranga (ali, aproveita o espaço esportivo para fazer "jogos" linguísticos). Depois conduz o público até o auditório. Numa mesa, convida parte da plateia a dividir com ele um banquete imaginário (que representaria o tal resgate de valores).

    Para realçar o discurso e "ativar a imaginação", cenário e figurino são minimalistas, compostos de poucos objetos, quase todos brancos.

    *

    PALAVRAS CORROMPIDAS
    QUANDO sex., às 21h30, sáb., às 19h30, dom., às 18h30; até 12/3
    ONDE Sesc Ipiranga, r. Bom Pastor, 822, tel. (11) 3340-2000
    QUANTO R$ 6 a R$ 20
    CLASSIFICAÇÃO 14 anos

    Edição impressa

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