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    Crítica

    Mágico, 'A Tartaruga Vermelha' tem grande artista por trás

    SÉRGIO ALPENDRE
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    19/02/2017 02h06

    Poucas coisas são mais desafiadoras para um crítico do que a simplicidade. Quando nos deparamos com um filme que se resume ao essencial, a essa marca de síntese e clareza que só os grandes artistas conseguem alcançar, temos dificuldade de explicar a beleza que nosso olhar testemunhou.

    É precisamente o que acontece após a projeção de "A Tartaruga Vermelha", primeiro longa-metragem do diretor de animações holandês Michaël Dudok de Wit.

    Sem qualquer diálogo e com trilha sonora (único elemento tonificado do filme) no limite entre o emotivo e o exagerado, o longa nos mostra muitos anos na vida de um náufrago preso numa ilha deserta com pequenos caranguejos, tartarugas gigantes e aves, e sujeito a diversos fenômenos meteorológicos.

    Divulgação
    A Tartaruga Vermelha Através da história de um homem que naufragou numa ilha tropical, habitada por tartarugas, caranguejos e pássaros, â€A Tartaruga Vermelha†(The Red Turtle) reconta os feitos na vida de um ser humano. OScar de melhor animacao. Direção: Michael Dudok de Wit Nacionalidades França, Bélgica, Japão ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Cena da animação 'A Tartaruga Vermelha', que segue a vida de um náufrago em uma ilha

    Ele tenta sair da ilha com jangadas fabricadas com troncos de árvores. Mas é sempre sabotado por golpes de uma grande tartaruga vermelha.

    A partir daí o que acontece é digno das grandes fábulas da história da ficção, e convém não adiantar. Basta apenas dizer que é mágico, poético, onírico e muito, muito belo.

    A carreira de Michaël Dudok de Wit é curiosa. Gênio de traços simples e incrível sensibilidade, realizou apenas quatro curtas desde o início profissional como um dos animadores de "Heavy Metal - Universo em Fantasia" (1981).

    O melhor desses curtas é uma pequena obra-prima da delicadeza: "Pai e Filha" (2000), espécie de ensaio para o que ele vai desenvolver no primeiro longa.

    Em "A Tartaruga Vermelha", destaca-se também o roteiro escrito por De Wit e Pascale Ferran, diretora que se revelou internacionalmente com "Lady Chatterley", e que em seu último longa, "Bird People", explorou brilhantemente um drama com toque de fábula.

    A produção coube a um combo internacional de grande penetração comercial, incluindo o Studio Ghibli, fundado, entre outros, pelos magos da animação japonesa Isao Takahata ("O Conto da Princesa Kaguya") e Hayao Miyazaki ("A Viagem de Chihiro"). Com De Wit, formam uma parceria celestial.

    *

    A TARTARUGA VERMELHA (La Tortue Rouge)
    DIREÇÃO Michaël Dudok de Wit
    PRODUÇÃO França/Bélgica/Japão, 2016, livre
    QUANDO: em cartaz

    Edição impressa

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