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    Modelo afirma sentir orgulho por ser símbolo do movimento transexual

    DA AFP

    21/02/2017 13h00

    Fernanda Paradizo/Fotoarena/Folhapress
    Valentina Sampaio, a primeira modelo transgênero na história da L'Oréal, no desfile da marca A La Garçonne, na SPFW, nesta segunda
    Valentina Sampaio no desfile da marca A La Garçonne, na SPFW em 2016

    Dias antes de estrear na Semana de Moda de Milão, a modelo Valentina Sampaio, modelo transexual brasileira, concedeu entrevista à "AFP" e afirmou que se sente orgulhosa em ser um símbolo do movimento transgênero.

    Alta, olhos verdes, lábios carnudos, pele clara, cabelos morenos e sem um toque de maquiagem, a modelo esbelta é uma menina linda e tímida, que não sofreu a importunação que a maioria dos transexuais sofrem para ser aceitos.

    Valentina será capa da revista "Vogue Paris", e disse que está muito feliz com a homenagem que será lhe prestada em março pela renomada revista de moda.

    "Sim, estou orgulhosa. É importante porque a moda é um instrumento para que se fale sobre este tema, que está sendo debatido, para que no futuro não sejamos mais vítimas dos preconceitos", explica a jovem modelo.

    Nomeada embaixadora da L'Oreal, Valentina se destacou na Semana de Moda de São Paulo, na qual desfilou para grifes como Água de Coco e Vitorino Campos.

    "Quero seguir a luta por um mundo melhor", afirma a jovem.

    "Não vejo como defeito e muito menos como uma anomalia", explica Valentina, que durante toda a conversa evitou usar o termo transgênero, transexual ou a sigla LGBT.

    CIRURGIA DE MUDANÇA DE SEXO

    "Cada um é cada um, Juan é Juan, Maria é Maria e Valentina é Valentina", disse a modelo sem revelar o seu segredo.

    "Não falo disso", respondeu ao ser interrogada sobre a cirurgia de mudança de sexo.

    Nascida em uma pequena cidade do Ceara, Valentina conta que não se sentiu descriminada e contou com o respeito e apoio dos seus pais. A modelo contou que "desde criança me sentia menina".

    "Nasci no interior do nordeste, nesse pequeno lugar e me sentia protegida, todo mundo se conhece e se respeita. Não nego que no começo da minha carreira ocorreram coisas, vi coisas e escutei comentários feio", garante e recorda que perdeu um de seus primeiros contratos para uma campanha publicitária por ser transexual.

    "Me senti muito mal, quis parar de trabalhar. Mas me dei conta que queria esse trabalho e isso não me deteve", revelou.

    Valentina, que não usa seu nome real, junto com Lea T, filha do ex-jogador de futebol Toninho Cerezo, porta-voz da diversidade de gênero, racial e orientação sexual nos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro de 2016, fazem parte do primeiro grupo de modelos brasileiras que lutam abertamente contra o preconceito e a violência ao transgênero.

    "O conselho que posso dar é para todas acreditarem em si mesmas e que não parem diante dificuldades", disse a modelo e explicou "muitas vezes não chegam oportunidades a essas pessoas e portas se fecham quando descobrem quem são. Isso tem que acabar. Creio que a pessoa deve ser reconhecida pelo seu profissionalismo e talento."

    Tanto a modelo quanto a editora-chefe da Vogue Paris, Emmanuel Alt, estão convencidas de que a batalha será ganha quando não for mais necessário explicar as razões pelas quais alguém escolheu um transexual para trabalhar.

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