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    Adriana Calcanhotto lança antologia com obras de jovens poetas brasileiros

    AMANDA NOGUEIRA
    DE SÃO PAULO

    22/02/2017 02h18

    Adriana Calcanhotto queria um livro para acompanhá-la em suas férias de verão. "Leitora de poesia diletante", como ela mesma se define, optou por levar um único volume que contemplasse um recorte pessoal da poesia contemporânea, diluído em algumas dezenas de tomos.

    Reuniu, então, obras de 41 poetas brasileiros nascidos entre 1970 e 1990 na compilação intitulada "É Agora Como Nunca - Antologia Incompleta da Poesia Contemporânea Brasileira", que será lançada nesta quarta (22).

    Luciana Whitaker/Folhapress
    Adriana Calcanhotto, que atua como professora convidada na Universidade de Coimbra, em Portugal, neste semestre
    Adriana Calcanhotto, que atua como professora convidada na Universidade de Coimbra, em Portugal

    "Qualquer antologia será incompleta ou não terá graça por não gerar polêmica", adianta a organizadora, falando à Folha direto de Portugal, às vésperas de sua primeira aula como professora convidada da Universidade de Coimbra, posição que ocupa até meados deste ano.

    "Fui escolhendo os poemas, mas a velocidade da produção é tamanha que em alguns casos, como no de Luca Argel, troquei de poema por achar que o mais recente, da safra mais nova, era mais legal, que tinha uma evolução na poética. Alguns lançaram coisas novas enquanto eu fazia a antologia, então troquei", diz.

    Na compilação, estão nomes "novos e novíssimos" como o repórter e os colunistas da Folha Bruno Molinero, Gregorio Duvivier e Fabricio Corsaletti, respectivamente, e as poetas Bruna Beber, Angélica Freitas e Estrela Ruiz Lemisnki. São jovens autores cujas obras, em verso livre, flertam com a crônica.

    Calcanhotto ressalta que buscou concentrar-se na individualidade de cada um e na "forma como lidam com a influência dos mesmos poetas que leram" –"nada mais/ será como/ dante", resume Leo Gonçalves em uma de suas colaborações para a obra.

    Há menções a Drummond, Leminski, e até mesmo à grã-mestra Wikipédia.

    "Há um desassombro, uma não cerimônia com a poesia, usam palavras que não parecem, em tese, pertencer à poesia, coisas assim", observa.

    Surpreende que uma obra elaborada durante um períodos conturbado do país apenas toque a superfície da política. Entre uma possível má percepção do leitor ou uma falta de identificação dos autores com o tema, Adriana Calcanhotto faz o mea-culpa e confessa que "provavelmente tenha a ver" com o seu filtro também.

    "Mas não vi coisas explicitamente políticas, no sentido partidário, panfletário, enfadonho. Eles vivem no mundo de hoje e escrevem poesia, isso é um ato político. Poderiam estar calados."

    *

    você vai ver
    ainda vai notar
    vou escrever
    algo para você
    sem perceber
    assobiar

    besteiras
    tolices
    andanças

    fazer você lembrar
    tornar você lembrança
    delírios desafinar
    dançar nossa distância

    vou escrever você
    vou escrever
    você vai ver
    sem perceber
    assobiar

    Poema de Omar Salomão, extraído de "É Agora como Nunca"

    *

    É Agora Como Nunca - Antologia Incompleta Da Poesia Contemporânea Brasileira
    Adriana Calcanhotto
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    de manhã na
    praia eles combinam
    o que farão à noite de
    noite na festa eles
    combinam de ir à
    praia amanhã

    "Carrossel", poema de Ana Salek também incluído na antologia

    *

    É AGORA COMO NUNCA
    AUTOR Adriana Calcanhotto (org.)
    EDITORA Companhia das Letras
    QUANTO De R$ 23,90 a R$ 34,90 (144 págs.)
    LANÇAMENTO quarta (22), às 19h
    ONDE Tapera Taperá, av. São Luís, 187, loja 29, 2º andar (Galeria Metrópole), tel. (11) 3151-3797

    Edição impressa

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