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    Crítica

    Livro de contos 'Amores Carnavais' atiça memórias sensoriais

    THALES DE MENEZES
    DE SÃO PAULO

    06/03/2017 02h00

    Eduardo Anizelli/Folhapress
    Desfile do bloco Tô de Bowie, no centro de São Paulo
    Desfile do bloco Tô de Bowie, no centro de São Paulo

    AMORES CARNAVAIS - CONTOS SOBRE A FOLIA (bom)
    Organização Raphael Guedes
    Editora Laranja Original
    Quanto R$ 29,90 (160 págs.), no site laranjaoriginal.com

    É notável quando algum livro mostra uma sintonia forte com o tempo real. É o caso de uma pequena e agradável coletânea de contos que chega ao público agora, na ressaca do Carnaval.

    A sintonia é ainda mais oportuna nesta temporada, que viu disparar o número de blocos de rua em São Paulo. Muitos dos potenciais leitores de "Amores Carnavais" –alguns talvez ainda com corpos doloridos– estão abastecidos de memórias que serão cutucadas pelos textos.

    São 12 contos sobre a folia, a maioria utilizando como trama e cenário os blocos. A edição da Laranja Original exibe um esmero gráfico, amarrando os contos do volume com fotos temáticas de Erica Modesto, do Rio, e Mário Águas, de São Paulo.

    O organizador é Raphael Guedes, também autor de um dos contos incluídos no livro, "A Pirueta dos Infelizes".

    Ele já trabalhou em eventos literários como a Flip e a Bienal do Livro, e é fundador do Bloco Casa Comigo, um dos mais bem-sucedidos no Carnaval paulistano.

    O time de autores, a maior parte de nomes novos no mercado, traz jornalistas, blogueiro, advogada, redatores de publicidade, psicólogo...

    A diversidade de perfis é repassada para os estilos literários, mas há uma certa unidade na escrita urgente, apaixonada. Muitas vezes chega a ser sensorial, como a experiência de botar o bloco na rua também é.

    Além de Raphael Guedes, escrevem no livro Adriano De Luca, Ana Paula Dugaich, André Zamboni, Eduardo Guimarães, Fabiana de Franceschi, Fernanda Machado, Luis Vassallo, Gabriel Pondé, Guilherme Figueira, Gustavo Vilela e Renato Malkov.

    Como acontece em praticamente todos os lançamentos de contos de vários autores, o resultado é irregular. Momentos brilhantes estão lado a lado com narrativas um tanto óbvias, mas julgar cada escritor apenas por um texto curto seria injusto. É melhor deixar essa injustiça para os concursos de contos, um anacronismo cultural que merece uma rápida extinção.

    "Amores Carnavais" é bom como leitura divertida, com a leveza que formato e tema exigem. E vale a pena ver como a sexualidade liberada "oficialmente" no Carnaval se manifesta muito nas pequenas tramas. Ninguém é de ninguém, dizem por aí.

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