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    A convite do Sesc, grupo Boa Mistura faz mural para Festival Festa!

    ISABELLA MENON
    DE SÃO PAULO

    10/03/2017 02h00

    Para dar visibilidade à unidade do Sesc Osasco o grupo madrilenho Boa Mistura foi convidado para pintar um mural que forma um jogo entre palavras.

    "A ideia surgiu dentro do festival Festa! que já tinha artistas locais e regionais e pensamos em um pessoal internacional para trazer uma luz e um holofote para toda a programação que está sendo feita na unidade para o mural", explicou a curadora Sabrina da Paixão.

    Em 2012, o grupo de artistas ficou conhecido após realizar um trabalho na vila Brasilândia, no qual pintaram casas com palavras como "amor", "beleza", "firmeza" e "doçura". Depois disso, eles fizeram intervenções artísticas em ruas de diversos países, como Polônia, Espanha, Quênia e Peru.

    Segundo Pablo Ferreira, um dos integrantes do Boa Mistura, o mural, que ocupa 250 pilares de concreto, já está em produção há sete dias e conta com versos do poema "Ponteio", de Alcides Villaça.

    "Propusemos uma obra na qual o público pode andar em duas direções e em cada uma há um verso diferente. Esse poema fala dos olhos e da palavra. Para nós ele é muito apropriado, porque queríamos fazer um jogo com as pessoas que vão ver a obra", afirma o artista.

    O festival Festa! acontece entre esta sexta (10) e o domingo (12). O mural será finalizado no último dia do evento, durante o qual o o público poderá acompanhar a construção do mural.

    *

    Leia o poema "Ponteio", do qual se extraíram versos para a obra:

    Os olhos tocam primeiro,
    mas as palavras por fim.
    Mas as palavras repousam,
    e os olhos devem seguir.
    Os olhos sabem primeiro,
    mas as palavras recolhem.
    Mas as palavras não colhem
    do campo o que os olhos colhem.
    Os olhos querem o tempo,
    mas as palavras já têm.
    Mas nas palavras não cabe
    dos olhos esse não caber.
    Os olhos olham as palavras,
    mas as palavras entoam.
    Mas as palavras retornam,
    e os olhos nascem além.
    Entre olhos e palavras
    não fique ânsia ou vagar:
    distâncias mudas e cegas
    tocam-se, para ver cantar.

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