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    Arquiteto austríaco explica como será a grande reforma da Torre Eiffel

    AUGUSTO PINHEIRO
    DA RFI

    10/03/2017 12h48

    Moacyr Lopes Junior/Folhapress
     Paris, Franca. 07.05.2013. Turistas embaixo da Torre Eiffel, em Paris. Foto: Moacyr Lopes Junior.***exclusivo para Turismo da Folha"""
    Torre Eiffel de Paris

    Uma barreira de vidro de três metros de altura à prova de balas foi o projeto selecionado pela prefeitura de Paris para melhorar a segurança da Torre Eiffel. A proteção será instalada de dois lados do monumento (rio Sena e Champ de Mars). Atentados terroristas deixaram 238 mortos na França desde 2015.

    Nos outros dois lados do monumento emblemático serão construídas cercas com pontas. "O vidro preserva a transparência, mantendo a vista e a perspectiva entre a praça do Trocadéro e o jardim do Champ-de-Mars", explicou à RFI o arquiteto austríaco Dietmar Feichtinger, cujo escritório foi selecionado para realizar o projeto.

    "Apostamos na simplicidade e na sobriedade. É a primeira vez que realmente se faz uma reflexão sobre o local, que mudou muito desde a inauguração em 1889", afirma Feichtinger.

    As obras para reorganizar e facilitar o fluxo dos visitantes começarão em outubro deste ano e custarão € 20 milhões. "Vamos redirecionar os visitantes para as alamedas laterais, onde ficam os jardins românticos. Vamos tirá-los das grandes artérias de circulação, que são a via Quai Branly, do lado do Sena, e a avenida Gustave Eiffel, do lado do Champ-de-Mars", explica o arquiteto.

    Segundo o austríaco, o caminho dos visitantes vai ter uma entrada e uma saída de cada lado, para acelerar o tempo de espera, dotadas de dispositivos para controlar as pessoas que entrem no local. Fizemos o caminho de maneira que ele contorne os jardins, colocando-os novamente em perspectiva, dando uma visibilidade que atualmente eles não têm. "Vamos dar mais conforto aos turistas", afirma.

    O arquiteto diz que "os jardins foram criados na época da inauguração da Torre Eiffel, durante a Exposição Universal de 1889, e contam com grutas e um miradouro".

    SILHUETA DA TORRE

    "Nós vamos instalar uma cerca em volta deles, como podemos ver em vários locais em Paris, como a praça de Vosges. Ela será metálica e impedirá a passagem de pessoas e objetos. E o desenho da grade é uma referência à silhueta do monumento. Ela é elegante e, como tem pontas, evita que as pessoas a pulem."

    E continua: "Refletimos muito sobre o sentido que queríamos dar para esse projeto. Ele é complicado porque sua base é a segurança. Nunca se pensou realmente na afluência das pessoas à torre Eiffel, ainda mais com a situação que temos hoje. Transformamos o objetivo da segurança em um verdadeiro projeto de arquitetura e de paisagem, que estamos realizando em conjunto com os paisagistas da agência suíça Vogt Landscape".

    O austríaco lembra que as intervenções são em escala humana. "A torre é muito forte, muito presente. A barreira e as reformas nos jardins são de uma dimensão menor diante dos 324 metros de altura do monumento. A vista a partir do Trocadéro e a perspectiva urbana serão pouco modificadas. Nossa intervenção é a nível dos pedestres que estão perto do monumento."

    PASSARELA SIMONE DE BEAUVOIR

    Feichtinger, que mora em Paris há quase 30 anos, ganhou em 1998 o concurso para construir a passarela Simone de Beauvoir, sobre o Sena, em frente à Biblioteca Nacional François Mitterrand. Ela foi inaugurada em 2006 e foi a primeira ponte em Paris batizada com o nome de uma personalidade feminina. "Tenho uma relação muito forte com Paris. É uma cidade muito bonita, que se transforma", diz.

    Em 2002, o arquiteto venceu o concurso para a realização da nova obra de acesso ao Mont Saint-Michel, na região francesa da Normandia, uma pequena ilha rochosa na foz do rio Couesnon, com uma abadia e santuário em homenagem ao arcanjo São Miguel. O local é Patrimônio Mundial da Unesco.

    Além disso, Feichtinger fez diversas outras obras na França e na Europa, entre elas as passarelas de Trois Pays, sobre o rio Reno, e da Paz, em Lyon. Atualmente o escritório realiza a ampliação da estação de Ostende, na Bélgica, e o Pólo de Pesquisa em Neurociências do CEA, em Saclay, a 20 km de Paris.

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