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    Em 'O Planeta Tá um Lugar Perigoso', rapaz não consegue dizer 'eu te amo'

    MARIA LUÍSA BARSANELLI
    DE SÃO PAULO

    12/03/2017 02h15

    Lenise Pinheiro/Folhapress
     Sao Paulo, SP, Brasil. Data 06-03-2017. Espetáculo O Planeta Tá um Lugar Perigoso. Atores Frida Takáts (esq), João Bourbonnais, Leonardo Miggiorin e Andrea Tedesco (dir/Blusa breanca). Teatro Augusta - Sala Experimental. Foto Lenise Pinheiro/Folhapress
    Atores Frida Takáts (esq.), João Bourbonnais, Leonardo Miggiorin e Andrea Tedesco em ensaio da peça

    Pedro é um garoto de sete anos dócil, inteligente e amável. Mas, por algum motivo desconhecido, não consegue dizer "eu te amo". É levado pela mãe ao psicólogo e este inicia uma terapia pouco convencional: uma "hipnose progressiva", com a qual é possível ver todo o futuro do menino.

    "O Planeta Tá um Lugar Perigoso", peça do húngaro László Garaczi que ganha primeira montagem brasileira, parte de uma situação estranha, próxima do absurdo, para falar de relacionamentos, identidade e papéis sociais.

    "É a tragédia de uma espécie, de uma época, de uma sociedade à procura constante de remédios e de terapia", diz o diretor Kiko Marques. "É o drama de um garoto que não consegue dizer 'eu te amo'. Mas quem de fato consegue?"

    Pedro (Leonardo Miggiorin) tem uma crise, emite sons estranhos e se debate quando tenta chega às tais palavras impronunciáveis.

    Seu psicólogo (João Bourbonnais) investiga sua relação com a mãe (Frida Takáts), os colegas de escola (o elenco, composto ainda por Andrea Tedesco, reveza-se nos personagens), e as namoradas.

    Já adulto, Pedro se fecha num emprego em uma grande empresa de tecnologia. É um gênio no trabalho, mas lhe falta traquejo social. Aos poucos, se transforma num ser quase animalesco, ainda que permaneça a doçura.

    "Há uma polifonia na peça", afirma Miggiorin. "É esse cara desajustado, essa busca pela identidade dele, a carga de emoção e de fantasia."

    Há também além da sessão de terapia, diversas menções à psicologia –área em que Garaczi se formou– e discussões de como a questão social se reflete naquele indivíduo.

    A encenação de Marques tem poucos elementos cênicos, como algumas cadeiras. São lacunas "necessárias", segundo o diretor, para preencher as metáforas sugeridas pelo texto de Garaczi.

    As intervenções vêm apenas pontuadas pela música de André Abujamra e pela iluminação de Adriana Dhan.

    *

    O PLANETA TÁ UM LUGAR PERIGOSO
    QUANDO qui. e sex., às 21h; até 27/4
    ONDE Teatro Augusta, r. Augusta, 943, tel. (11) 3151-4141
    QUANTO R$ 40
    CLASSIFICAÇÃO 16 anos

    Edição impressa

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