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    "Avante, Marche!" mescla música, teatro e dança no MITsp

    IARA BIDERMAN
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    14/03/2017 12h00

    "Avante, Marche!", da companhia belga Les Ballets C de la B, é o espetáculo da abertura da 4ª MITsp (Mostra Internacional de Teatro de São Paulo), nesta terça (14), em apresentação para convidados no Theatro Municipal de São Paulo.

    O gênero da obra é indefinível: é dança, é música, é teatro, tudo junto e misturado –assim como elenco, composto por uma bailarina, três atores e sete músicos da companhia, mais um grupo de instrumentistas locais que se junta à trupe dois dias antes da estreia.

    Nesta entrevista à Folha, Alain Platel, diretor artístico da companhia, conta sobre a criação de "Avante, Marche!" e da babel de linguagens artísticas que coloca em cena.

    *

    Folha – Como surgiu a ideia de "Avante, Marche!"?
    Alain Platel – Eu queria fazer um novo trabalho com Steven Prengels [diretor musical do espetáculo], com quem já tinha trabalhado em "Gardenia". Procuramos em novas fontes de inspiração e surgiu a ideia de fazer algo com um banda de metais.

    Por que esse tipo de banda?
    Assisti uma apresentação de uma banda que me emocionou. Eram 60 pessoas, vindas de lugares diferentes, reunidas só para fazer música. Não era um grupo famoso nem profissional, era formado só por amadores. Estavam ali para fazer música em um evento social em que a única obrigação era tocar bem e juntos. Em um mundo tão individualista como o atual, é algo muito emocionante.

    A questão do indivíduo e seu lugar no grupo é importante em "Avante, Marche!"...
    Sim. A história simples, ou a narrativa, se preferirem, do espetáculo é essa. Um trombonista de uma banda de metais descobre estar com câncer de garganta, é obrigado a dar seu lugar para outro músico e passa a tocar pratos. As pessoas ao redor, os outros membros da banda, são testemunhas do que ele está acontecendo e tentam, cada um a seu modo, dar apoio ao colega

    Em cada país que o espetáculo é apresentado, o elenco é completado por músicos locais. Como é feita essa operação para dar tudo certa na hora de se apresentarem?
    Sete músicos da companhia tocam, atuam e dançam durante todo o espetáculo. Os outros músicos, que só conhecemos quando chegamos ao país ou cidade da apresentação, só aparecem no palco em três ocasiões diferentes. Ensaiamos as músicas com eles na noite anterior do espetáculo e em um ensaio no dia da estreia. Como são músicas conhecidas, é o suficiente para aprenderem.

    Como é trabalhar com um elenco diferente a cada espetáculo?
    Além da troca de experiências, tem a melhor parte: vira uma festa, em todos os lugares. E enriquece a estrutura simples da montagem, feita por um elenco composto por uma bailarina, três atores, sete músicos.

    Além de música e dança, há também monólogos em "Avante, Marche!", mas a produção pede que os textos não sejam legendados. Qual a razão?
    Os atores misturam várias línguas: italiano, espanhol, inglês, flamengo, alemão, português. Vão falando as mesmas coisas em várias línguas, ao mesmo tempo em que algo está acontecendo com seus corpos e com a música. As pessoas vão entender o que é dito e não dito em qualquer língua.

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