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    SPFW

    Crítica

    Em abertura da SPFW, grifes optam por volta aos básicos

    PEDRO DINIZ
    COLUNISTA DA FOLHA
    LUIGI TORRE
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    14/03/2017 02h18 - Atualizado às 19h41
    Erramos: esse conteúdo foi alterado

    As grifes que desfilaram no primeiro dia da São Paulo Fashion Week seguiram à risca a imagem de limpeza geral que tomou conta do prédio da Bienal do Ibirapuera, onde ocorre a maior parte dos desfiles da semana de moda.

    Assim como os corredores esvaziados e as colunas brancas sem nenhuma decoração, fruto do corte de investimentos desta estação, as roupas na passarela também são básicas, sem ousadias, embora estejam conectadas ao consumidor.

    A veia comercial foi norte de marcas importantes, como a Animale, que abriu os trabalhos em um desfile conciso, com muita camisaria ampla e alfaiataria com recortes geométricos. O preto, o branco e alguns poucos tons elétricos permearam a coleção do estilista Vitorino Campos.

    Ao exercício matemático de abrir fendas nas cinturas e nas costas das modelos, o designer aplicou detalhes de estampa de cobra. A imagem selvagem dialoga com a cliente da grife, que procura roupas e acessórios descomplicados, mas com um apelo sensualizado.

    Um tipo de minimalismo bem diferente da UMA, da estilista Raquel Davidowicz. Em silêncio, sem trilha ou narração, as modelos caminhavam pelos corredores da Pinacoteca do Estado com a reconhecida limpeza estética da grife.

    As roupas variavam entre cortes retos e simples, com aberturas nas mangas e nas laterais, até as propostas esportivas, como coletes acolchoados e peças de tricô que se assemelham ao moletom.

    Davidowicz prova que não é necessário uma grande produção para realizar um desfile bem editado, de roupas desejáveis e, principalmente, criativas. "O silêncio e a roupa que apresentei são uma resposta ao caos em que estamos vivendo, tanto na moda como no mundo", disse.

    MASCULINO

    O retorno às origens e uma atenção especial aos desejos dos clientes foram ainda maiores no desfile de João Pimenta, nome máximo da moda masculina entre os modernos de São Paulo. Foram eles, os clientes da marca, quem construíram a fórmula apresentada pelo designer.

    A partir de conversas com os compradores e uma análise do que de fato eles consomem, João editou uma coleção repleta de calças de alfaiataria, blazers bicolores com recortes circulares, saias, moletons com estampas e costuras aparentes.

    Referências góticas que pincelaram a passarela internacional nesta temporada –e que, aliás, remetem às origens "underground" da grife do designer– tingiu de preto os "looks", alongou silhuetas e imprimiu letras com fontes do repertório gótico.

    Neste primeiro dia, as marcas mostraram estar atentas à urgência de entender o que a rua precisa e consome. Sem caixa suficiente para deslizes e dependente do desfile como ferramenta principal de comunicação, elas criaram imagens reais, comerciais, mas ainda assim criativamente relevantes.

    1º DIA DA SPFW

    Animale

    UMA

    João Pimenta

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