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    Balé da Cidade abre temporada com 'Risco', um elogio do grafite

    IARA BIDERMAN
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    23/03/2017 02h07

    Arthur Costa/Divulgação
    Bailarino na coreografia "Risco", que o Balé da Cidade de São Paulo apresenta em 2017. Coreografia assinada pelo diretor cênico Sérgio Ferrara e com direção geral de Ismael Ivo. Foto: Arthur Costa/Divulgação ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Cena da coreografia 'Risco', que trata de grafite e abre a temporada da companhia

    O Balé da Cidade vai subir ao palco do Municipal de São Paulo, nesta sexta (24), sob o signo de Áries, regido por Marte, planeta do combate.

    "Marte" é a música com que inicia "Risco", coreografia inaugural da temporada 2017 da companhia, sob a nova direção de Ismael Ivo. Trata-se do primeiro movimento da suíte "Os Planetas", do inglês Gustav Holst (1874-1934).

    Na obra, o compositor interpretou as características de cada planeta segundo a astrologia. "O trecho sobre Marte tem natureza bélica. Vi alguns ensaios da companhia, percebi certa violência e sugeri essa música", diz o maestro Luis Gustavo Petri, que conduz a Orquestra Sinfônica Municipal no espetáculo.

    Na segunda parte, a música é "Festas Romanas", de Ottorino Respighi (1879-1936). "Fala da decadência do Império Romano e das festas pagãs na rua", conta Petri.

    A rua festiva e caótica também define "Risco", que trata do corpo na cidade. "Quero identificar o Balé como a companhia que representa São Paulo hoje", diz Ivo.

    A conjunção de dança, cidade e combate fez do grafite o fio condutor da coreografia. "O tema do grafite, arte de ocupação do espaço público, é atual e polêmico. São Paulo é cheia de contradições, novos grupos surgem e é preciso dar voz a eles", diz o dramaturgo Sergio Ferrara, diretor cênico de "Risco".

    A dramaturgia foi costurada a partir das improvisações dos bailarinos sob orientação de Ivo. No centro, a figura do artista americano Jean-Michel Basquiat (1960-1988).

    Pano de fundo e cenário, São Paulo envolve os bailarinos por meio de imagens projetadas; algumas trazem bailarinos em frente a grafites que sobreviveram à tinta cinza do programa "Cidade Linda", no início da gestão Doria.

    O espetáculo começa com imagens feitas por drones. À frente das imagens urbanas, no proscênio, está Basquiat, com um cobertorzinho. "É o que vejo quando abro a porta do Municipal e saio na rua: um hotel 'open air'", diz Ivo.

    Ferrara propôs uma sequência "à la Plínio Marcos". "Quis trazer os excluídos da sociedade, os travestis, os mendigos, os passantes, até chegar aos black blocs, que não têm rosto e precisam resgatar sua identidade", diz.

    São aspectos de todas as metrópoles, diz Ivo: "A Nova York de Basquiat não era melhor nem pior que São Paulo".

    No espetáculo, os corpos dos bailarinos vão sendo pintados, e eles dançam em frente a suas imagens filmadas.

    Ao final, os corpos pintados são içados, formando um painel suspenso no palco. "É uma celebração. 'Risco' é se arriscar a encontrar novas soluções artísticas", afirma Ivo.

    No programa de abertura, após "Risco", será apresentada "Adastra", criada para a companhia pelo catalão Cayetano Soto, em 2015. O nome da obra foi inspirado no lema do brasão da Força Aérea Britânica, "per ardua ad astra" (por meio das dificuldades se chega às estrelas).

    *

    RISCO E ADASTRA
    QUANDO: de 24/3 a 1/4; qua., 16h; de qui. a sáb., 20h; dom., 17h
    ONDE: Theatro Municipal de São Paulo, Pça. Ramos de Azevedo, s/nº, tel. (11) 3053-2100
    QUANTO: de R$ 35 a R$ 100 (qui. a dom.); R$ 20 (qua.), 14 anos

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