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    Feira Art Dubai tenta se firmar como um farol da globalização

    SILAS MARTÍ
    ENVIADO ESPECIALA DUBAI

    24/03/2017 02h10

    Divulgação
    Obras da galeria Mohsen, de Teera, que participou da feira Art Dubai. Foto: Divulgacao ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Obras da galeria Mohsen, de Teera, que participou da feira Art Dubai

    Seus arranha-céus, entre eles o Burj Khalifa, mais alto prédio do mundo, poderiam ser torres de Babel. Dubai, o delírio de metal e vidro no golfo Pérsico, parece ter orgulho de abrigar cidadãos de mais de 200 países.

    Nem todos passam pelos guardas mal encarados das portas da Art Dubai, mas esta que é a maior feira de arte do Oriente Médio também reage a um momento em que fronteiras pelo mundo se tornam cada vez mais impenetráveis para tentar se firmar como farol da globalização.

    Sua última edição, encerrada na semana passada, reuniu galerias de 43 países, o que faz do evento o mais globalizado de todos os outros playgrounds para o jet-set da arte desse tipo no mundo.

    Pablo del Val, espanhol que acaba de deixar o comando da feira Zona Maco, na Cidade do México, para se dedicar à seleção das casas que vão à Art Dubai, insiste ainda mais nesse ponto, dizendo que a mais internacional das metrópoles do planeta também pode ser um terreno fértil para o diálogo entre árabes e latino-americanos.

    "Todos eles falam de pós-colonialismo, de migrações, deslocamentos forçados, só que a arte daqui fala desses conflitos com muita sutileza. Não cospe na cara de ninguém", diz Del Val. "São energias que funcionam juntas."

    Única galeria do Brasil nesta edição da feira, a paulistana Vermelho, aliás, levou trabalhos do colombiano Iván Argote –tapeçarias vazadas com elementos que lembram os traços da caligrafia árabe.

    Outros latino-americanos, como o também colombiano Santiago Reyes Villaveces e o peruano Ishmael Randall Weeks, também tiveram uma presença mais forte na feira.

    Nesse sentido, o evento sinaliza uma evolução em relação a anos anteriores, quando ainda era dominado por artistas da região e muito brilho, muito ouro e pinturas figurativas de gosto meio duvidoso.

    Elas permanecem em algumas casas, mas a seleção melhorou. William Lawrie, da galeria Lawrie Shabibi, diz que Dubai amadureceu e que passou a era da "corrida do ouro".

    "Já não vemos as pessoas esbanjando, jogando dinheiro fora como antes da crise", diz o galerista. "Era normal alguém vir e comprar todas as obras do artista considerado o cara do momento, mas Dubai está virando uma cidade mais normal. Já foge do estereótipo daquilo visto como 'arte do Oriente Médio'."

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