• Ilustrada

    Monday, 06-May-2024 18:22:56 -03

    crítica TELEVISÃO

    Com referências e sotaques misturados, trama oferece uma fantasia divertida

    TONY GOES
    COLUNISTA DO F5

    26/03/2017 03h07

    João Miguel Junior/Divulgação
    Letícia Colin é a imperatriz Leopoldina em 'Novo Mundo'
    Letícia Colin é a imperatriz Leopoldina em 'Novo Mundo'

    Anna Millman (Isabelle Drummond), inglesa, fala português com sotaque britânico. Já o oficial Thomas (Gabriel Braga Nunes), seu conterrâneo, soa como se tivesse morado no Brasil a vida inteira. Dom Pedro (Caio Castro) chegou ainda pequeno, mas sua fala oscila. Numa hora tenta ser lusitano; na outra, escorrega para o carioquês.

    Não são apenas os sotaques que estão embaralhados em "Novo Mundo" (Globo). Figurinos, cenários e muitos detalhes apontam para um século 19 genérico, sem se ater ao período em que a trama se inicia (1817).

    Uma bailarina dança como Isadora Duncan, que só nasceria 60 anos depois. Anna usa os cabelos soltos, um visual impensável para uma moça que circula entre a nobreza (ela ensina português à princesa Leopoldina).

    Boa parte do primeiro capítulo se passa num palácio em local indefinido da Europa, com figurantes falando alemão e italiano, muita neve e a Ilha Fiscal do Rio de Janeiro se passando por um porto.

    Mas é bobagem exigir rigor histórico de um folhetim dessa faixa horária. Mais interessante é o fato de a teledramaturgia brasileira finalmente estar perdendo o pudor de se apropriar dos grandes personagens do passado.

    Pedro e Leopoldina (Letícia Colin, excelente) surgem como os jovens que eram então, cheios de ímpeto e frescor. Dom João 6º (Léo Jaime) escapa da caricatura habitual, que gosta de mostrá-lo escondendo coxas de galinha nos bolsos; vamos ver se será retratado como o político arguto que de fato foi.

    A estreia teve uma longa sequência de perseguição protagonizada pela inescrupulosa Elvira (Ingrid Guimarães) e o galã Joaquim (Chay Suede). Cheia de referências cinematográficas, foi de tirar o fôlego.

    Os autores dizem que "Novo Mundo" irá tratar dos problemas atuais. É uma nobre intenção. Mesmo mostrando um país quase tão fantasioso quanto os reinos imaginários de "Cordel Encantado" (2011), a novela tem o mérito de ser um divertimento inteligente e muitíssimo bem acabado.

    E, se algum espectador quiser saber mais consultando um livro de história, já será um feito e tanto.

    NA TV

    Novo Mundo

    Quando de seg. a sáb., na faixa das 18h, na Globo

    AVALIAÇÃO bom

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024