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    crítica

    Ney Latorraca e inovações sustentam 'Vamp'

    MARCO AURÉLIO CANÔNICO
    DO RIO

    26/03/2017 03h15

    Felipe Panfili/Divulgação
    Os vampiros Vald (Ney Latorraca) e Natasha (Claudia Ohana) em cena de 'Vamp, o Musical', em cartaz no Rio
    Os vampiros Vlad (Ney Latorraca) e Natasha (Claudia Ohana) em 'Vamp, o Musical', em cartaz no Rio

    VAMP, O MUSICAL (BOM)
    QUANDO qui. e sex., às 20h30; sáb., às 16h30 e 20h30; dom., às 18h. Até 4/6
    ONDE Teatro Riachuelo, r. do Passeio, 40, Rio, tel (21) 3005-3432
    QUANTO R$ 50 a R$ 180; livre

    *

    Dado o tempo já decorrido desde a explosão dos musicais no país, tardou para que as produtoras explorassem um dos tesouros da dramaturgia nacional: as telenovelas.

    A adaptação da idolatrada "Vamp" (1991) para os palcos, em cartaz no Rio, mostra o potencial dessa ideia, mas também suas armadilhas.

    A memória afetiva que boa parte da plateia (e dos atores que reprisam seus papéis) leva consigo ajuda muito a encenação. Não por acaso, assim como na novela, Ney Latorraca é o dono do musical, reprisando o vilão Vlad.

    Magnético desde sua entrada em cena, ele brinca com o público e com seus colegas, improvisa e se diverte.

    A sinopse é a que os fãs conhecem: a cantora Natasha (Claudia Ohana, correta, mas não particularmente inspirada) recorre a Vlad em busca de fama, mas acaba transformada em vampira.

    Para se livrar da maldição, une-se à caçadora Penn Taylor (Evelyn Castro, muito bem no papel que foi de Vera Holtz) e vai atrás de um amuleto numa cidadezinha litorânea, onde vive a família do capitão Jonas (Luciano Andrey) e a de Matoso (Osvaldo Mil).

    Se o conhecimento prévio ajuda, a vontade de ser fiel à trama original traz problemas. Condensar sete meses de novela em duas horas de peça é tarefa inglória, na qual Antonio Calmon –autor de ambas– não se sai bem.

    Há personagens em excesso, especialmente no núcleo infantojuvenil, com números musicais desinteressantes. E a necessidade de contar muita história faz com que certos trechos sejam narrados literalmente, em vez de encenados.

    Alguns dos melhores momentos vêm justamente de inovações, como a inédita personagem Madrácula, vampira portuguesa e mãe de Vlad, interpretada com talento por Claudia Netto.

    Outras criações da peça que funcionam muito bem são números como o que reproduz a coreografia de "Thriller", de Michael Jackson, feita com zumbis sapateadores, e o que se passa num circo, no segundo ato.

    A parte musical, a propósito, é um ponto forte: um repertório com mais acertos do que erros (misturando canções originais e hits como "Noite Preta"), executado com timing e qualidade.

    Apesar da dificuldade de destacar caninos e olhos vermelhos –que são os diferenciais dos vampiros– sem poder contar com os "closes" das câmeras de TV, o espetáculo tem apelo visual, com seus cenários gigantes, figurinos bonitos e projeções.

    Menos bem-sucedidas são as tentativas de peripécias aéreas, de difícil execução e cujas necessárias medidas de segurança anulam qualquer naturalidade. Na sessão a que a Folha assistiu, uma grave falha técnica ainda prejudicou o clímax da batalha final.

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