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    CRÍTICA

    Alemão 'O Mundo Fora do Lugar' se perde entre humor e romance

    RICARDO CALIL
    CRÍTICO DA FOLHA

    02/04/2017 02h00

    Divulgação
    As atrizes Barbara Sukowa (à esq.) e Katja Riemann em 'O Mundo Fora do Lugar
    As atrizes Barbara Sukowa (à esq.) e Katja Riemann em 'O Mundo Fora do Lugar'

    A cineasta alemã Margarethe von Trotta e a atriz Barbara Sukowa têm uma colaboração muito bem-sucedida em dramas protagonizados por figuras históricas como "Rosa Luxemburgo" (1986) e "Hannah Arendt" (2012).

    Em "O Mundo Fora do Lugar", elas se arriscam em um drama contemporâneo, com resultados bem menos interessantes. Na trama, o viúvo Peter (Matthias Habich) se depara na internet com uma fotografia de Caterina (Sukowa), cantora de ópera fisicamente idêntica a sua mulher morta recentemente.

    Peter incentiva sua filha Sophie (Katja Riemann) a viajar da Alemanha aos Estados Unidos para conhecer Caterina e tentar elucidar esse mistério.

    A partir do embate entre a reservada Caterina e a insegura Sophie, segredos de família começam a vir à tona.

    Von Trotta trabalha esse material tentando se equilibrar entre o drama dos personagens no presente e o suspense criado com as descobertas sobre o passado (com pequenas doses de romance e humor).

    Mas ela não vai fundo em nenhum gênero. Há um tom monocórdio que aplaina o filme, de forma a igualar os momentos de peso dramático com os de total leveza.

    Como resultado, não se cria empatia com os personagens nem espanto com as revelações da trama. As tentativas de romantismo e comédia se mostram desajeitadas, e atrizes brilhantes como Sukowa e Riemann surgem estranhamente opacas em cena.

    A notória sobriedade de Von Trotta –que joga a favor de seus dramas históricos– acaba prejudicando "O Mundo Fora do Lugar".

    Antes de se tornar diretora, Von Trotta foi atriz do chamado "novo cinema alemão" e trabalhou com cineastas como Rainer Werner Fassbinder.

    Ela podia ter se inspirado nele. Fassbinder nunca se esquivava daquilo que é mais patético na experiência humana.

    Já Von Trotta parece ter esse prurido. Mas não é necessário ir ao passado para encontrar um filme alemão que ia mais fundo tanto no dramático quanto no cômico. Basta olhar para "Toni Erdmann" (2016), de Maren Ade.

    O MUNDO FORA DO LUGAR
    (Die Abhandene Welt)
    DIREÇÃO Margarethe von Trotta
    ELENCO Katja Riemann, Barbara Sukowa, Matthias Habich
    PRODUÇÃO Alemanha, 2015, 12 anos
    QUANDO em cartaz

    Edição impressa

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