Uma das melhores séries em exibição na TV, "The Affair" teve sua terceira temporada toda colocada no ar pela Apple TV na semana passada.
A trama se desenrola a partir de um caso extraconjugal envolvendo o escritor Noah (Dominic West) e a garçonete Alison (Ruth Wilson) durante um verão na cidadezinha litorânea de Montauk, no Estado de Nova York, e continua sendo contada do mesmo jeito desde o primeiro episódio: cada pedaço, às vezes um mesmo trecho, é visto pelo ponto de vista de personagens diferentes, usualmente com detalhes que os favorecem.
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Noah (Dominic West) e Alison (Ruth Wilson) em cena da terceira temporada de 'The Affair' |
"The Affair" foi criada por Sarah Treem e pelo israelense Hagai Levi, em sua primeira produção na TV americana. É dele a aclamada "Be'Tipul", refilmada em vários países, inclusive no Brasil, pela GNT, onde ganhou o nome de "Sessão de Terapia", e nos EUA, onde virou o fenômeno "In Treatment", da HBO.
No final da segunda temporada de "The Affair", Noah confessa ser o autor do atropelamento do personagem Scotty Lockhart, crime que ele não cometeu –quem estava no volante era sua ex-mulher, Helen Solloway (Maura Tierney).
No início da terceira temporada, Noah está livre há dois meses, tendo passado três anos atrás das grades, e agora dá aulas de escrita criativa em uma universidade de New Jersey. Tem flashbacks de momentos na prisão e da interação –cada vez mais cheia de atrito– com um guarda (Brendan Fraser, excelente) que ele acha que pode estar seguindo-o.
DE NOVO EM MONTAUK
Está separado de Alison há mais de um ano. Ela volta para Montauk para pegar sua filha, Joanie, que havia deixado com o pai, seu ex-marido, Cole Lockhart (irmão de Scotty, o morto), quando teve um surto depressivo e resolveu se internar numa clínica.
Cole está casado de novo, agora com a colombiana Luisa (Catalina Sandino Moreno). Helen, por sua vez, aluga um quarto de sua casa para o novo namorado, Vic (Omar Metwally), mas continua envolvida em todas as passagens da vida de Noah, tentando aproximá-lo dos filhos.
Se parece carregada de tramas é porque é mesmo. Todos os personagens tomam lugar de protagonistas quando a história é contada pelos seus pontos de vista, e nenhum deles é herói ou vilão, muito menos descomplicado.
São adultos complexos, sexuais, perdidos em plena meia-idade. E essa é justamente a graça dessa série sem mocinho nem bandido, sem ninguém com 100% de certeza a respeito das decisões que toma, cheios de sonhos e arrependimentos, vontades e medos.
MAIS UM PONTO DE VISTA
O jeito de contar as histórias, com quase todos os episódios divididos ao meio, não envelheceu. Continua atrativo e agora ganhou pelo menos um novo ponto de vista, o de Juliette.
Ela é uma professora francesa da mesma universidade de Noah que desperta um novo interesse nele. Mas vai se frustrando conforme o caso fica mais complicado. Ela queria uma relação leve para compensar a vida dura que levava na França e que vai se revelar aos poucos, mas se vê atrelada aos dramas de Noah.
No fim do primeiro episódio, depois de um jantar na casa dela em que um debate à mesa sobre sexualidade coloca os mais velhos, professores, em oposição aos mais novos, alunos, Noah vai para casa e é esfaqueado no pescoço.
Definitivamente, "The Affair" não voltou para dar conforto aos personagens. O que é um alívio para os espectadores: vem drama bom aí.
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