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    Crítica

    'Todas as Manhãs do Mundo' extrai beleza a partir de rigor

    NAIEF HADDAD
    DE SÃO PAULO

    09/04/2017 02h05

    Divulgação
    Onça pintada captada pela manhã no Pantanal em cena de 'Todas as Manhãs do Mundo
    Onça pintada captada pela manhã no Pantanal em cena de 'Todas as Manhãs do Mundo'

    Equipes em vários continentes, anos de produção e tecnologia de ponta podem resultar em uma superprodução que, a cada cena, evidencia seu caráter grandioso. Mas todo esse aparato pode também dar origem a um filme simples e belo.

    "Todas as Manhãs do Mundo" se enquadra nessa última categoria. É simples sobretudo porque parte de um mote de fácil compreensão.

    O filme se propõe a apresentar a natureza –a fauna, especialmente– em diferentes lugares do mundo nos instantes em que surgem os primeiros raios de sol.

    Assista ao trailer

    Para criar uma narrativa capaz de dar coesão às imagens, o diretor e produtor Lawrence Wahba convidou o roteirista Rubens Rewald, que, por sua vez, entregou a condução da trama aos personagens Água (voz de Letícia Sabatella) e Sol (Aílton Graça).

    Surge daí um novo exemplar do que se convencionou chamar de "docudrama". Neste caso, voltado principalmente às crianças, mas capaz de agradar também aos pais –é evidente a influência do filme francês "A Marcha dos Pinguins" (2005).

    A narração costurada por Rewald certamente contribui para o ritmo do filme. Mas de nada serviria sem o impacto das imagens.

    A beleza de "Todas as Manhãs" está na seleção rigorosa de registros obtidos em países como Zâmbia, Botsuana, Indonésia, Noruega, Canadá, México e Brasil. O trabalho de filmagem se estendeu por 44 semanas, entre 2010 e 2015.

    Nas savanas africanas, os embates entre grupos de leões e búfalos intercalam força, velocidade e cálculo.

    No Pantanal, a onça perde a pose majestosa ao ser perseguida por um grupo de ariranhas. Mas não se dá por vencida: cai nas águas do rio para abocanhar um jacaré.

    E por aí vai o "docudrama", com ursos, hipopótamos, pinguins se alternando como protagonistas.

    Em alguns momentos, a música ganha presença ostensiva quando deveria ser discreta. É um ruído, mas não chega a ser problema grave.

    Com mais de duas décadas de produções ligadas à natureza, o paulistano Wahba atinge, aos 48 anos, seu ápice profissional com "Todas as Manhãs do Mundo".

    *

    TODAS AS MANHÃS DO MUNDO
    DIREÇÃO Lawrence Wahba
    NARRADORES Letícia Sabatella e Aílton Graça
    PRODUÇÃO: Brasil, 2017, livre
    Veja salas e horários de exibição.

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