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    Primeira mulher em late show, Tatá Werneck aposta em sua 'cara de pau'

    LÍGIA MESQUITA
    ENVIADA ESPECIAL AO RIO

    10/04/2017 02h00

    Montada numa bicicleta, que pedala com dificuldade, Tatá Werneck, 33, sai de um elevador e para em frente à plateia, encarando a câmera.

    Antes de chamar sua convidada de estreia, a atriz Bruna Marquezine, faz um desabafo jocoso.

    "Pra mim é muito difícil, sofri preconceito porque era modelo de rosto. Até hoje uso esse nariz postiço para tentar focar mais o meu talento. Mas é realmente complicado, tento não ser sensual, mas não consigo. Isso me descredibiliza. É complicado ser famosa, gata, julgada", diz.

    Zo Guimaraes/Folhapress
    Tatá Werneck posa no estacionamento do prédio da Globosat, no Rio
    Tatá Werneck posa no estacionamento do prédio da Globosat, no Rio

    Na próxima temporada de seu "Lady Night", a atriz já poderá acrescentar à brincadeira uma nova atribuição, a de "entrevistadora".

    "Como atriz-mirim você não teve medo de crescer como o Macaulay Culkin, um pouco deformada, ou um Karatê Kid que com 54 anos continua fazendo o Karatê Kid?", pergunta para Bruna na estreia de seu show noturno, um programa que mistura entrevistas com brincadeiras, nesta segunda (10), no canal pago Multishow.

    Depois, ao perguntar para a atriz sobre seu primeiro beijo, Tatá emenda a resposta com um dos vários quadros rotativos da atração, o "Reencenando os Fatos", em que recria com humor, claro, o que acabara de ouvir.

    Tatá é a primeira mulher a se aventurar nessa profícua área do entretenimento televisivo, o "late show", dominada por homens nos últimos anos: Danilo Gentili (SBT), Fabio Porchat (Record) e Marcelo Adnet (Globo).

    Na abertura de um dos 25 episódios de 40 minutos desta primeira temporada, produzida pela Floresta, a carioca brinca com sua chegada a esse clube do Bolinha.

    "Este é o primeiro 'late night' de humor no Brasil comandado por uma mulher. Quer dizer, a Luciana Gimenez tem um de humor, mas ela não sabe disso. É involuntário, então normalmente não conta", brinca, sobre o "Superpop" (RedeTV!), de Luciana Gimenez.

    Tatá acha "legal" e importante que uma mulher ganhe espaço nessa área do entretenimento, mas não vê a questão de gênero como o diferencial de seu programa.

    "Acho que o meu se diferencia mais pela cara de pau mesmo", diz à Folha. "Não tô fazendo juízo de valor; não que o olhar feminino seja melhor ou pior, é só diferente."

    Gianne Carvalho/Divulgação
    A cantora Anitta (à esquerda) é uma das convidadas do 'Lady Night'; Tatá Werneck também entrevistou Sandy e Joelma
    A cantora Anitta (à esquerda) é uma das convidadas do 'Lady Night'; Tatá Werneck também entrevistou Sandy e Joelma

    O PAPO É QUASE SÉRIO

    Contratada do Multishow desde 2013, ano em que também entrou para o elenco da Globo, Tatá apresentou no canal pago atrações como "Tudo pela Audiência" –esta, ao lado de Porchat–, e "O Estranho Show de Renatinho".

    Conta que há algum tempo pensava em ter um programa de entrevistas, mas faltava tempo. Negociou uma pausa com a Globo para fazer filmes e o "Lady Night", que já ganhou segunda temporada antes mesmo de estrear.

    O "Lady Night" tem muita piada e jogos de improviso, mas não quer que a brincadeira seja o mais importante.

    Em uma gravação à qual a Folha assistiu, em espaço locado dentro dos Estúdios Globo, no Rio, Tatá usava do humor para fazer perguntas não tão confortáveis ao ator e cantor Arthur Aguiar.

    Em determinado momento, ela inventou a regra de que as perguntas e respostas seriam cantadas, daí questionou se ele ainda falava com a ex-namorada famosa e se em "Malhação" (Globo) todo mundo "pega todo mundo".

    "Não queria que o convidado fosse um artifício para fazer piada", afirma Tatá.

    A atriz diz que só pergunta o que ela mesma quer saber.

    "Adoro a Ellen [De Generes], o Jimmy Fallon, mas tem coisas que não cabem na minha embocadura. Tem perguntas que todo mundo quer fazer, mas não tenho vontade de saber", diz. "Não quero ali, para conseguir audiência, cair em assuntos que não gostaria que tocassem se eu fosse a entrevistada."

    Ela cita como exemplo o bate-papo com a cantora Joelma. "Eu disse: não tocarei no tema separação do Chimbinha. É um assunto dela, não quero isso no meu programa. Quero falar da carreira dessa mulher que venceu um preconceito absurdo e transformou a música dela em referência", fala.

    A experiência como entrevistadora e apresentadora, Tatá garante, não a fará deixar a carreira de atriz, seu foco. A ideia, diz, é conciliar.

    E levaria o seu late show para a TV aberta?

    "Sabendo que o Multishow tá ouvindo, diria que não, mas pode ser (risos). Acho que seria um outro talk show, porque o 'Lady Night' é a cara de todo mundo que tá ali, com DNA do Multishow e meu. O 'Tudo pela Audiência', por exemplo, é um programa que não poderia ser feito na TV aberta. Eu acho." E reflete um pouco mais.

    "Ao mesmo tempo já vi o Mion [apresentador da Record] fazendo coisas como um quadro: 'É Anão ou Não É Anão?'", fala. "Tudo é imprevisível, não sei quais os parâmetros, mas teria vontade de fazer também TV aberta."

    *

    ALGUNS QUADROS DO 'LADY NIGHT'

    Meu Programa, Minhas Regras
    Em determinado momento, Tatá decide como serão feitas as perguntas e as respostas, como, por exemplo, falar com a língua presa ou rimando

    O Especialista
    A atriz leva um expert de qualquer área e faz perguntas "absurdas", como ela define. A um ginecologista ela questiona: "Não menstruo há 30 anos e não transo há 20, posso estar grávida de uma criança de 10?"

    Infama
    Com ajuda dos humoristas Daniel Furlan, Felipe Gracindo e Marco Gonçalves, as respostas dos convidados são transformadas em falsas manchetes sensacionalistas

    *

    NA TV
    Lady Night
    Quando seg. a sex., 22h30, no Multishow; nesta seg. (10), excepcionalmente às 23h15

    Edição impressa

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