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    Crítica

    Estudo sobre cena de 'Psicose' vai além de meras curiosidades

    SANDRO MACEDO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    28/04/2017 02h12 - Atualizado às 20h30
    Erramos: esse conteúdo foi alterado

    Divulgação
    Cena do filme '78/52', que vai ser exibido no festival É Tudo Verdade
    Cena do filme '78/52', que vai ser exibido no festival É Tudo Verdade

    "Psicose" (1960) pode não ser o melhor filme de Alfred Hitchcock. A concorrência é pesada com outros longas considerados para muitos obras-primas, como "Um Corpo que Cai" (1958) ou "Janela Indiscreta" (1954), para citar apenas dois. Mas nenhum outro longa do "mestre do suspense" conseguiu extrapolar a tela para se tornar um ícone da cultura pop como ele. Culpa, em boa parte, do assassinato no chuveiro.

    No documentário "78/52", Alexandre O. Philippe disseca a sequência, que dura pouco menos de três minutos na tela, com suas 78 tomadas de câmera e 52 cortes (daí o título original).

    Para isso, ele conta com depoimentos de profissionais de praticamente todas as áreas do cinema, de diretores a críticos, passando por supervisores de som e historiadores, incluindo nomes bem conhecidos como os diretores Guillermo del Toro e Peter Bogdanovich (que já foi crítico e entrevistou Hitch) e a atriz Jamie Lee Curtis (filha de Janet Leigh, a vítima do chuveiro).

    Mas o filme faz mais que isso. Antes mesmo de entrar no banho, Philippe tenta dar um importante contexto histórico para que o espectador entenda melhor o quão impactante "Psicose" foi na época.

    Também comenta como o filme foi surpreendente em diversos aspectos, como o de matar a aparente protagonista ainda no meio da trama.

    Algumas ilações são bem interessantes, como a da relação entre a trilha cortante de Bernard Hermann para a cena do chuveiro (aliás, fundamental para o efeito de suspense do filme) com a batida do coração de Marion Crane (Janet Leigh); ou como a produção apunhalou vários tipos de melões até encontrar o som perfeito para a faca penetrando o corpo da vítima; outas são mais conhecidas dos cinéfilos, como o tempo da filmagem da sequência (a dublê de corpo de Janet, contratada para dois ou três dias, tomou banho a semana inteira).

    A filmografia do documentarista Philippe mostra que, além de geek, ele tem um certo senso de oportunidade.

    Antes, fez "Doc of the Dead", que surfava na boa onda dos zumbis na cultura pop, "O Povo Contra George Lucas", atacando o criador de "Star Wars" pela segunda trilogia da série, e "A Vida e os Tempos de Paul, o Polvo Vidente", que explorava o cefalópode adivinho da Copa de 2010.

    Desta vez, porém, Philippe entrega ao cinéfilo um saboroso estudo sobre uma das sequências mais famosas (e copiadas) do cinema.

    *

    78/52
    DIREÇÃO: Alexandre O. Philippe
    PRODUÇÃO: EUA, 2017; 16 anos
    QUANDO: sex., às 19h, e dom., às 15h, ambas no Cinearte (SP)

    Edição impressa

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