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    Fyre Festival: o luxuoso show nas Bahamas que virou um pesadelo

    DA BBC BRASIL

    29/04/2017 22h54

    BBC/Reprodução
    Além dos shows, festas em iates foram anunciadas para promover o festival
    Além dos shows, festas em iates foram anunciadas para promover o festival

    Bandas famosas se apresentando junto ao mar azul-turquesa, acomodações cinco estrelas, comida gourmet, festas em iates e a oportunidade de dançar com topmodels.

    Isso é o que prometiam os organizadores do Fyre Festival, um evento musical que seria realizado durante dois fins de semana em uma ilha privada nas Bahamas e que pretendia competir com o de Coachella, na Califórnia (Estados Unidos).

    Modelos como Bella Hadid, Emily Ratajkowsi e Kendall Jenner tinham promovido o festival em suas redes sociais, posando de biquíni.

    BBC/Reprodução
    O evento ia acontecer nas Bahamas ao longo de dois finais de semana
    O evento ia acontecer nas Bahamas ao longo de dois finais de semana

    As entradas foram vendidas em dezembro, quando o evento foi anunciado, e os participantes pagaram US$ 1.000 e US$ 12 mil. Outros chegaram a desembolsar até US$ 50 mil por pacotes com tudo incluído.

    O festival iniciaria neste fim de semana. Na quinta-feira (27) à noite as redes sociais começaram a se encher de mensagens e imagens que mostravam que o paraíso vendido estava longe da realidade.

    A ilhota Fyre, a ilha privada onde aconteceria o evento, era, na verdade, um lote de terra não edificado que fica ao lado de um resort de luxo.

    As acomodações com ar-condicionado eram formadas por tendas de acampamento, e a comida gourmet se limitou a sanduíches de queijo acompanhados de tomate e alface.

    Os problemas foram relatados em dezenas de fotos de usuários das redes sociais.

    Este foi o jantar "gourmet" que um dos participantes recebeu ao chegar no local

    Este era o alojamento do festival, que prometia acomodações luxuosas

    PRESOS

    Na sexta-feira (28) de manhã a situação piorou: os voos domésticos foram cancelados, e aqueles que tinham ido ao aeroporto da ilha Great Exuma na tentativa de voltar para casa ficaram presos.

    Esse é o caso de Maude Etkin, 23, que relatou sua experiência, ainda de biquíni e depois de ficar dez horas presa no aeroporto, à revista americana "The New Yorker".

    Além das entradas e do voo, ela tinha pago US$ 500 para dividir com oito amigas um quarto com camas de casal e ar-condicionado

    "Mas, na verdade, o que havia eram umas tendas brancas, nada mais. Era um lugar árido e estava desorganizado. O tecido das tendas tinha buracos, e não havia camas. Não havia como guardar pertences com segurança", disse a repórter Jia Tolentino.

    Além dela, no lugar havia mais 200 pessoas, acrescentou.

    Usuário diz que tendas usadas no festival são sobras da agência americana de ajuda internacional, que costuma usá-las em desastres

    Chloe Gordon, que foi contratada para trabalhar na produção do evento em março, disse que logo previu qual seria o futuro do festival.

    Assim ela escreveu no site americano "NYMag.com":

    "Quatro dias depois que ter chegado, eu já estava em um avião de volta para Nova York porque a coisa toda, como todos já sabiam, seria um completo desastre."

    A aspirante à produtora disse que encontrou um terreno de cascalho, vazio, no qual não se tinha começado a construir nada e para o qual não havia um sistema de transporte.

    "Quando entrei em contato com as empresas que geriam os shows das bandas contratadas, quase todos tinham a mesma pergunta: e onde está o nosso dinheiro? ", escreveu ela.

    Uma das primeiras bandas de cancelar sua participação foi Blink 182.

    O grupo anunciou a mudança de planos em sua conta no Twitter, com uma mensagem salientando que o festival não tinha a qualidade com a qual eles estavam acostumados.

    Com tantos problemas, o evento foi adiado.

    Os organizadores, que incluem o rapper Ja Rule e o empresário Billy McFarland, pediram desculpas em comunicado publicado em seu site. O texto diz que eles "apenas não estavam preparados" para o tamanho que o evento tomou.

    "Devido a circunstâncias alheias, a infraestrutura não estava pronta a tempo de cumprir o que foi oferecido", escreveram.

    Em nota, dizem que decidiram "adicionar mais experts" para fazer o festival no ano que vem, em uma praia dos EUA.

    Além disso, afirmam que todos os que compraram ingressos serão reembolsados e ganharão um passe VIP para a edição de 2018.

    As autoridades das Bahamas também pediram desculpas pelo "caos" do festival.

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