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    Coletivo registra relação entre periferia e TV

    RAFAEL BALAGO
    DE SÃO PAULO

    09/05/2017 02h00

    DiCapana/Foto Coletivo
    Foto da mostra inclui um bar da periferia que sintoniza o programa de José Luiz Datena
    Foto da mostra inclui um bar da periferia que sintoniza o programa de José Luiz Datena

    "Essa TV custa metade do valor da minha casa", conta Alemão, morador da Favela do Godói, perto do Capão Redondo, na zona sul de São Paulo. Ele pagou R$ 2.000 pelo aparelho de tela plana e R$ 4.000 pelo barraco.

    Alemão é um dos personagens apresentados na mostra "Transição Digital "" A Relação da Periferia com a TV em São Paulo", em cartaz na DOC Galeria, que faz um recorte da importância da televisão na vida dos moradores de cinco bairros de São Paulo e de Taboão da Serra, na região metropolitana.

    A exposição reúne 50 fotos e relatos de moradores e suas TVs, em casa e comércios, feitas pelo coletivo DiCampana, criado em 2016.

    Ao fazer as imagens pouco antes do desligamento do sinal analógico, em março, o DiCampana presenciou desentendimentos. Parte dos moradores recebeu conversores digitais de graça, por serem cadastrados em programas como o Bolsa Família, mas parte não. "Teve casa com duas TVs que ganhou apenas um conversor e agora está com aparelho desligado por falta de sinal", conta Naná Prudêncio, 28, uma das integrantes do coletivo.

    De acordo com a Seja Digital, entidade que coordena a mudança de sinal, 95% dos moradores da Grande São Paulo tinham aderido ao modelo no começo de abril.

    Por outro lado, o DiCampana também notou a grande penetração da TV a cabo nas periferias, muitas vezes por meio de ligações irregulares. "Fui em uma casa que tinha 'gato' em seis TVs", lembra Naná.

    Para o coletivo, a TV segue muito assistida na periferia, onde é a principal fonte de notícias, companhia para momentos de solidão, distração para clientes que esperam a pizza ficar pronta e babá. "O Alex Carlos, que mora na favela Monte Azul, tem oito filhos e falou que a TV é essencial para entreter as crianças e ajudar os pais a ter folga", conta Léu Britto, 30, fotógrafo do DiCampana, integrado também por Gessé Silva, José Cícero da Silva e Weslley Tadeu.

    No conteúdo, boa parte dos moradores ouvidos preferem telejornais e programas de variedades. Novelas já não fazem tanto sucesso, mas atrações policiais seguem em alta.

    *

    TRANSIÇÃO DIGITAL
    QUANDO até 15/5. Ter. a sex.: 14h às 17h. Sáb.: 12h às 17h
    ONDE DOC Galeria, r. Aspicuelta, 145, tel. (11) 2592-7922
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