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    análise

    TV foi injusta com Xavier, que teve seus melhores papéis no cinema

    TONY GOES
    COLUNISTA DO "F5"

    10/05/2017 11h31

    Em 2013, ao encerrar sua participação na novela "Joia Rara" (Globo) —onde fazia o monge budista Ananda Rinpoche— Nelson Xavier, morto na madrugada desta quarta (10), recebeu uma homenagem calorosa de seus colegas de elenco e equipe, puxada pelo ator Marcos Caruso.

    A cena foi exibida pelo "Vídeo Show" e deixou claro que Xavier era uma unanimidade. Respeitado e querido no meio artístico, além de considerado pela crítica como um dos maiores atores brasileiros de todos os tempos.

    Esse prestígio todo, no entanto, não bastou para que ele encarnasse protagonistas na televisão e se consolidasse no nível de um, digamos, Antonio Fagundes. Talvez devido ao seu tipo físico, Nelson Xavier costumava ser escalado como coadjuvante nas novelas.

    Fez coronéis, bandidos, delegados, padres. Era o que os americanos chamam de "character actor": o profissional cheio de talentos e recursos, que pode ser escalado para qualquer tipo de papel. Menos o de galã romântico.

    Mesmo assim, deixou sua marca. Seu personagem mais icônico na TV foi o cangaceiro Lampião, da minissérie "Lampião e Maria Bonita" (Globo), de 1982. Nunca mais conseguiu tanto destaque, mas continuou a brilhar.

    O cinema foi mais generoso com Nelson Xavier. Na última década de sua carreira, conquistou papéis de peso como o do marechal Rondon em "Rondon, o Desbravador" (2016) ou o do homem de 92 anos que resolve dar adeus a todas as pessoas importantes de sua vida em "A Despedida" (2014).

    Mas o personagem pelo qual mais será lembrado é o do médium Chico Xavier, a quem interpretou duas vezes. A mais impactante foi no filme "Chico Xavier" (2010), de Daniel Filho, um grande sucesso de bilheteria. Voltaria a ele em "As Mães de Chico Xavier" (2011), e ainda faria um terceiro longa de temática espírita em "O Filme dos Espíritos" (2011), como um psiquiatra.

    A morte de Nelson Xavier abre uma lacuna considerável nas nossas artes cênicas. E deixa a sensação de que a TV poderia ter aproveitado melhor esse ator gigantesco.

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