• Ilustrada

    Thursday, 02-May-2024 08:28:00 -03

    Moda

    Casa de Criadores faz 20 anos e traz novos destaques

    PEDRO DINIZ
    COLUNISTA DA FOLHA

    14/05/2017 02h05

    A nova cara da moda brasileira levanta bandeiras contra o racismo, minimiza impactos ambientais e dialoga com frentes de estilo que vão do extravagante garoto da boate até aquele mais chegado no "look" minimalista.

    No caldeirão de ideias da Casa de Criadores, um dos eventos de moda autoral mais relevantes do país e que lançou nomes como Ronaldo Fraga, Marcelo Sommer e João Pimenta, a ordem é desconstruir. Nos cinco dias de desfiles em São Paulo, uma turma de jovens repensou o espaço da passarela na edição que comemora 20 anos do evento.

    Já no primeiro dia, o estilista Diego Gama montou uma performance em parceria com o Brechó Replay, na qual modelos negros dançavam e desfilavam ao som de uma leitura sobre preconceito e reconhecimento da identidade negra.

    O discurso era acompanhado da mistura de minimalismo e estética urbana que é tônica das grifes que se propõem a atingir um público na faixa dos 20 anos. Preto, branco e cinza dominaram a cartela.

    As mesmas ideias teve a grife homônima de Isaac Silva, destaque da nova geração de estilistas que desfilam roupas baseadas na representatividade do negro, da cultura LGBT e do feminismo.

    Nessa coleção, Silva apresentou peças inspiradas nos 1980 e 1990 -as duas décadas mais exploradas nesta edição da Casa- feitas em parceria com a blogueira Magá Moura, conhecida pelo discurso de "empoderamento" das mulheres negras.

    O tratamento singular desses novos estilistas às militâncias têm a ver com um vácuo deixado pelo mercado de moda generalista como o brasileiro, que por medo de perder clientes não costuma tratar de temas sensíveis.

    É para uma parcela desse grupo que fala outro destaque da edição. Rafael Caetano imprimiu imagens e referências a "drag queens" famosas, como Divine, do filme "Pink Flamingos", e RuPaul, do reality "RuPaul's Drag Race".

    "Shantay" e "Glamazone", bordão e nome de um álbum do ícone LGBT, respectivamente, foram coladas em peças da coleção, que incluía de paetês a conjuntos esportivos tela feitos para as luzes da noite.

    MINIMALISMO

    Mas como nem só de brilho vive esse bom momento da criação brasileira, grifes como a Också, Neriage e Alex Kazuo reverenciaram a construção da roupa por meio de assimetrias e pesquisa de material.

    Os estilistas Deisi Witz e Igor Bastos, da Också, misturam linho, veludo molhado, malha e moletom num interessante estudo de volumes.

    Mesma lógica seguiu Kazuo, que a partir das referências ao movimento japonista dos 1980 resgata essa escola com camisas de recorte transversal e calças amarradas aos laços típicos dos quimonos.

    Quem merece ainda mais atenção é Rafaella Caniello, da Neriage, que em sua estreia no Projeto Lab, de apoio a iniciantes, recuperou lonas usadas de caminhões para construir casacos que se sobrepuseram delicadas peças.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024