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    Experiência nos EUA foi decisiva para carreira do crítico Mário Pedrosa

    MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
    DE NOVA YORK

    15/05/2017 02h05

    Homem do século 20, Mário Pedrosa estudou na Suíça e foi levado pela militância política, por força de exílios e pela curiosidade intelectual, a viver em algumas das principais metrópoles do mundo.

    Na década de 1920, a caminho de Moscou, enviado pelo Partido Comunista Brasileiro, Pedrosa interrompeu a viagem em Berlim, onde travou contato com a oposição ao líder soviético Joseph Stálin.

    Nos anos 1930 viveu em Paris, onde fez contato com os artistas surrealistas que simpatizavam com o líder revolucionário russo León Trotsky, banido pelo stalinismo.

    Conheceu André Breton, fez amizade com o poeta Benjamin Péret (que se tornaria seu cunhado) e foi colega do sociólogo e escritor Pierre Naville, dirigente, como ele, da Quarta Internacional –organização trotskista que ambos ajudaram a fundar, em 1938.

    Foram encontros ricos e relevantes, que contribuíram para as ideias de Pedrosa acerca da arte –que ele compreendia não apenas como fato estético, cultural e histórico, mas também como impulso humano vital, presente na manifestação de crianças e doentes mentais.p(gallery). Da Natureza Afetiva da Forma

    Em 1938, com a eclosão da Segunda Guerra, Pedrosa mudou-se de Paris para Nova York, onde a organização trotskista refugiou-se. Com sua mulher Mary Houston, brasileira de origem americana, manteve-se ligado aos EUA por 7 anos.

    A experiência americana foi decisiva para a inflexão crítica que o afastou progressivamente de uma arte moderna figurativa, de cunho político-social, para aproximá-lo, em meio à movimentação vanguardista dos anos 1950, do abstracionismo e do construtivismo.

    Um episódio foi decisivo nessa transformação: o encontro com Alexander Calder, de quem se tornou amigo. Em 1944, enviou dois importantes artigos ao "Correio da Manhã", nos quais tratava da mostra que o artista americano inaugurara, um ano antes, no MoMA.

    No pós-guerra, de volta ao Brasil, Mário Pedrosa atuou como um fundamental agente crítico modernizador, exercendo notável influência sobre a geração de artistas que começou a emergir na década de 1950. Jornalista, desenvolveu fora da academia uma obra crítica que agora começa a ganhar reconhecimento internacional.

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