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    Exposição no Rio reúne imagens vencedoras do World Press Photo

    AMANDA NOGUEIRA
    DE SÃO PAULO

    16/05/2017 02h16

    As 154 fotografias que estarão expostas a partir desta terça (16) na Caixa Cultural do Rio de Janeiro narram e traduzem visualmente os principais temas que nortearam o noticiário global em 2016. Estão lá desde a Olimpíada no Rio de Janeiro à crise mundial dos refugiados.

    Todas as imagens foram contempladas pelo World Press Photo, principal prêmio de fotojornalismo do mundo, que nomeia e excursiona a mostra por 45 países. "A seleção valoriza o fotógrafo como uma pessoa que faz um registro histórico", diz Rafael Ferraz, da Capadócia Produtora Cultural, que realiza a mostra nacional desde 2008.

    "A gente até sabe quase tudo que está acontecendo pelo noticiário, mas a dimensão das coisas você consegue compreender muito melhor pelas imagens", diz Ferraz.

    Entre os premiados está o fotógrafo brasileiro Lalo de Almeida, selecionado com o ensaio sobre vítimas da zika no Nordeste, parte de um especial publicado pela Folha, em dezembro. É a primeira vez que um fotógrafo do jornal é contemplado.

    "Até me surpreendi, já imaginou o tanto de gente produzindo tanta coisa boa?", diz Almeida –a fundação World Press Photo recebeu mais de 80 mil inscrições para o concurso.

    Almeida conta que estava fazendo um trabalho na Amazônia quando recebeu a notícia de que havia vencido em segundo lugar na categoria "histórias de temas contemporâneos" do concurso.

    "É uma satisfação imensa, quase uma aprovação do seu trabalho. Ao mesmo tempo eu sou bem consciente de que o critério do júri é subjetivo."

    Para o fotógrafo, o reconhecimento, apesar de bem-vindo, tem um quê de amargo. "[O ensaio] deu visibilidade a essas crianças, mas eu ganhei um prêmio, voltei para a minha casa e elas continuam lá. Isso me incomoda."

    CONFLITO MORAL

    O conflito moral, ligado tão fortemente ao ofício de quem ganha a vida noticiando temas relevantes, mas por vezes controversos, dividiu o júri.

    No fim, a 60ª edição do concurso elegeu uma polêmica fotografia do turco Burhan Ozbilici, da Associated Press, como a imagem do ano.

    A foto mostra o policial turco Mevlüt Mert Altintas segurando uma arma com uma mão e apontado a outra para o alto, segundos após assassinar o embaixador russo Andrey Karlov em uma galeria de arte em Ancara, na Turquia.

    O próprio Stuart Franklin, presidente do júri e fotojornalista da tradicional agência francesa Magnum, disse ser contra a consagração da imagem por receio de amplificar a mensagem terrorista.

    "Tive uma preocupação moral", disse o fotógrafo ao "New York Times". "Não acho que possamos esquecer que isso foi um assassinato premeditado e ensaiado em uma conferência à imprensa. Parecia-me reafirmar o pacto entre martírio e a publicidade."

    Outros argumentaram que a consagração é do fotógrafo, reconhecido pela coragem de arriscar a própria vida a fim de expor um fato relevante.

    WORLD PRESS PHOTO
    QUANDO Até 18/6; ter. a dom., das 10h às 21h
    ONDE Caixa Cultural Rio de Janeiro, av. Almirante Barroso, 25, tel. (21) 3980-381
    QUANTO grátis; 14 anos

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