• Ilustrada

    Wednesday, 01-May-2024 04:00:33 -03

    Crítica

    Em 'Humanz', Gorillaz evoca apocalipse sonoro sem monotonia

    ALEX KIDD
    DE SÃO PAULO

    17/05/2017 02h09

    HUMANZ (muito bom)
    QUANTO: R$ 35 (CD), em média
    AUTOR: Gorillaz
    GRAVADORA: Warner Music

    *

    Divulgação
    This cover image released by Warner Bros. shows "Humanz," the latest release by Gorillaz. (Warner Bros. via AP) ORG XMIT: NYET201
    Noodle em uma das imagens da capa de 'Humanz', novo álbum do Gorillaz

    "E se Donald Trump ganhasse as eleições nos EUA?". Esta foi a pergunta que Damon Albarn se fez em 2016, antes de começar a gravar "Humanz", quinto disco de estúdio do Gorillaz, banda de personagens fictícios criada pelo ex-Blur em 1998.

    No ano passado, a possibilidade de Trump ser presidente parecia remota, mas Albarn quis levar a questão para os convidados do disco.

    "Que tipo de bola de cristal esse cara tem?", comentou o rapper americano Pusha T (que gravou sua colaboração no início de 2016), no final de abril, quando o disco foi lançado.

    O resultado é uma grande playlist sonora. Apesar de amarrado por uma ideia principal, as canções do disco nunca soam monótonas ou repetitivas porque Albarn consegue colocar seus convidados –16, ao todo– em situações inusitadas.

    Gorillaz - Humanz (CD)
    Gorillaz
    l
    Comprar

    Em "Charger", a disco-diva Grace Jones teve quatro horas de vocais editados em cima de riffs roqueiros. Na irônica "Momentz", o trio de hip-hop De La Soul improvisa versos em cima de uma batida eletrônica genérica.

    Porém o maior sinal do fim dos tempos é a participação de Noel Gallagher em "We Got the Power".

    Arquirrival de Albarn no apogeu do britpop e crítico ferrenho do Gorillaz ("eles fazem músicas para crianças de 12 anos", declarou), Noel selou a paz ao se apresentar ao vivo com a banda no programa "The Graham Norton Show", no começo do mês.

    No final dos 70 minutos apocalípticos do álbum, a impressão é de que "Humanz" não tem uma nova "Clint Eastwood" ou um hit ultracomercial para embalar as vendas do novo iPhone.

    A polifonia musical de Albarn, no entanto, ilumina uma outra tendência: a era Trump está tirando os artistas de sua zona de conforto.

    Ouça no spotify

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024