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    Crítica

    'Master of None', disponível na Netflix, se supera na 2ª temporada

    TETÉ RIBEIRO
    EDITORA DA "SERAFINA"

    18/05/2017 02h20

    Divulgação
    Aziz Ansari, protagonista e criador de 'Master of None', em cena da segunda temporada
    Aziz Ansari, protagonista e criador de 'Master of None', em cena da segunda temporada

    MASTER OF NONE (ótimo)
    ONDE: duas temporadas disponíveis na Netflix

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    "Master of None", que colocou o comediante Aziz Ansari na mesma liga de Louis C.K. e Larry David, volta ainda melhor na segunda temporada. A série de dez episódios está disponível para na Netflix desde a última sexta (18).

    Como na estreia de 2015, mostra o dia a dia de Dev Shah, um ator de 30 e poucos anos, de ascendência hindu como Ansari, em começo de carreira e que vive em Nova York, enquanto vai atrás de trabalho, convive com os amigos e procura um amor.

    Cada episódio é um verdadeiro curta-metragem, que busca inspiração em séries como "Seinfeld" e "Louie" e, no cinema, especialmente nos filmes de Woody Allen.

    Nesta temporada, que começa na Itália, há uma homenagem também ao neorrealismo italiano, principalmente ao filme "Ladrões de Bicicleta" (1948), de Vittorio de Sica, cuja trilha aparece no primeiro episódio.

    A série está mais bonita esteticamente e Aziz, melhor como ator. Mas, mais importante, os episódios estão mais bem escritos, com personagens menos bidimensionais.

    A trama começa em Modena, no norte da Itália, para onde Dev se mudou por algum tempo para aprender a falar a língua e a fazer massa, sua comida preferida.

    Como quase tudo em "Master of None", a série cria uma versão das coisas que aconteceram de verdade na vida de Aziz Ansari, que passou um tempo na Itália depois do fim da primeira temporada.

    O comediante, filho de imigrantes indianos, usa grande parte de sua experiência como minoria racial para tocar no assunto das diversas formas de racismo na sociedade americana de um ponto de vista pessoal.

    O que o separa de outros comediantes que falam desse assunto, como um de seus mentores, Chris Rock, é que Ansari não parece ter raiva, e sim pena, de quem o discrimina. É também por ser bem menos neurótico que ele se diferencia de Woody Allen, Seinfeld e Louis C.K..

    Na primeira temporada, o episódio que mais repercutiu foi "Parents" (pais), em que ele e seu amigo, o filho de taiwaneses Brian (Kelvin Yu), fazem um jantar para ouvir as histórias de seus pais, todos imigrantes.

    Agora, o destaque é um capítulo que trata da religião. Os pais de Dev (interpretados pelos pais de Ansari na vida real) recebem um casal de tios e um primo em casa.

    Todos são muçulmanos, mas os pais de Dev são menos ortodoxos. Ainda assim, querem que o filho diga aos parentes que segue a religião. Dev se recusa e ainda oferece ao primo um sanduíche de carne de porco, prato proibido, numa das melhores cenas.

    Um tema central dessa temporada é a paixão pela comida. O melhor episódio é "Thanksgiving", que mostra ano após ano os jantares de ação de graças na família de Denise (Lena Waithe), melhor amiga de Dev. Outro dos bons é "First Date", em que Dev tenta arrumar uma namorada em um aplicativo.

    Episódio especial é também "New York I Love You", no qual Dev mal aparece. No lugar dele, nova-iorquinos comuns, como um porteiro, um taxista e uma balconista surda têm um pedaço de suas vidas contadas, como se cada um deles pudesse ser protagonista de uma série de TV.

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