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    crítica

    Longa sobre dia repetitivo, 'Antes que Eu Vá' se rende a clichês

    MARINA GALEANO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    21/05/2017 02h00

    Divulgação
    Ao centro, a atriz Zoey Deutch como Samantha Kingston, que fica presa em um mesmo dia até que consiga refletir sobre erros
    Ao centro, a atriz Zoey Deutch como Samantha Kingston, que fica presa em um mesmo dia

    Antes que Eu Vá (regular)
    (Before I Fall)
    DIREÇÃO Ry Russo-Young
    ELENCO Zoey Deutch, Halston Sage e Cynthy Wu
    PRODUÇÃO EUA, 2016, 10 anos
    QUANDO em cartaz

    *

    Não existe amanhã para Samantha Kingston (Zoey Deutch). Em compensação, o "hoje" se repete exaustivamente, até a jovem de 17 anos entender o que precisa ser feito no último dia de sua vida.

    Baseado no best-seller homônimo de Lauren Oliver, "Antes que Eu Vá", em cartaz nos cinemas, respira os mesmos ares da badalada série "13 Reasons Why".

    Embora suicídio não seja o fio condutor do filme dirigido por Ry Russo-Young, o assunto também é trazido à tela, assim como toda a atmosfera colegial presente na produção da Netflix.

    Bullying, relações conflituosas, a iminência da primeira vez e o medo de não ser aceito são algumas das temáticas exploradas a partir do fim da história de Sam.

    Bonita e popular, a garota vive o sonho —estereotipado— de qualquer adolescente. Tem as amigas mais descoladas, namora o cara mais cobiçado da escola e goza de uma liberdade que lhe permite curtir o que bem entender.

    Mas, em um 12 de fevereiro nublado e cinzento, esse sonho acaba de forma abrupta: um acidente de carro anunciado pela combinação "estrada sombria + noite chuvosa".

    Daí em diante, o filme entra em um looping temporal, ao estilo de "Feitiço do Tempo" (1993), e Sam fica presa no mesmo dia, num castigo frustrante e tedioso.

    Enquanto ela não conseguir refletir sobre seus próprios atos e enxergar os outros a sua volta, o despertador irá tocar, impreterivelmente, às 6h30 de 12 de fevereiro. Quantas vezes forem necessárias.

    A ideia em si não é ruim. O problema é que o longa se rende a um sem-número de clichês que o impede de causar qualquer surpresa no espectador. Também sublinha os estereótipos de um jeito tão exagerado, que as chances de identificação se perdem no meio do caminho.

    A estranha Juliet (Elena Campouris) é um bom exemplo desse exagero. Alvo de bullying, a menina mais parece um fantasma que vaga nas entrelinhas da trama.

    Em contrapartida, a atuação sem afetação de Zoey Deutch dá credibilidade e um certo charme à protagonista.

    Antes que Eu Vá" se escora no óbvio. Uma mensagem de caráter quase didático, que, somada aos outros tropeços, transforma o produto final em apenas mais um filme bem intencionado sobre os dramas inerentes ao universo da adolescência.

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