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    crítica

    'Dégradé' exibe descompasso entre intenções e resultados

    CÁSSIO STARLING CARLOS
    CRÍTICO DA FOLHA

    25/05/2017 02h00

    Divulgação
    Cena de 'Degradé', de Arab e Tarzan Nasser
    Cena de 'Degradé', de Arab e Tarzan Nasser

    Dégradé (regular)
    DIREÇÃO Arab e Tarzan Nasser
    ELENCO Hiam Abbass, Victoria Balitska, Manal Awad
    PRODUÇÃO Palestina/França/Qatar, 2015, 12 anos
    Veja salas e horários de exibição.

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    Juntar todos os personagens num só espaço e, assim, obter uma representação da sociedade numa forma condensada é a aposta de "Dégradé", primeiro longa dos irmãos palestinos Arab e Tarzan Nasser. A ideia pode ser boa para tecer relações de aproximação e de repulsão, revelar num movimento unificado as individualidades e a coletividade.

    Para dar certo, é preciso ir além do conceito, concretizar-se numa direção firme, num desenvolvimento de personagens equilibrado. "Dégradé" é mais um caso exemplar de descompasso entre intenções e resultados.

    A concentração de 13 mulheres no interior de um salão de beleza de algum lugar na Faixa de Gaza pretende servir como metáfora do isolamento e encarceramento impostos por Israel aos palestinos.

    A palavra em francês do título condensa a ambivalência de estética e política, entre o recurso usado pela cabeleireira para embelezar uma jovem noiva e a degradação imposta às mulheres em particular e à população palestina em geral.

    O filme replica uma ideia já vista, por exemplo, em "Instituto de Beleza Vênus" (1999) e em "Las Insoladas" (2014), obras que também concentram um grupo feminino para levar o público a reconhecer como a identidade de gênero convive com a diversidade de anseios e de afetos.

    Essa forma-coral tende a ser fragmentada e seu desafio é conseguir dar espaço para cada voz e, ao mesmo tempo, fazer ouvir o conjunto. É isso que "Dégradé" não alcança por causa de excessos comuns em estreantes.

    O mais evidente é colocar 13 personagens em cena, o que acarreta um desequilíbrio entre protagonistas e coadjuvantes. Outro problema é a ênfase nas metáforas como a da sociedade sitiada e a de um leão abatido posto na cena final.

    Essa necessidade de sublinhar e de exclamar mostra que os diretores ainda acreditam mais na retórica do que na sugestão.

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