• Ilustrada

    Tuesday, 07-May-2024 09:59:58 -03

    crítica

    Filme 'Muito Romântico' dissipa fronteiras entre linguagens

    NAIEF HADDAD
    DE SÃO PAULO

    25/05/2017 02h00

    Divulgação
    Cena de 'Muito Romântico, de Melissa Dullius e Gustavo Jahn
    Cena de 'Muito Romântico, de Melissa Dullius e Gustavo Jahn

    Muito Romântico
    DIREÇÃO Gustavo Jahn e Melissa Dullius
    ELENCO Gustavo Jahn e Melissa Dullius
    PRODUÇÃO Alemanha, Brasil, 2016, 16 anos
    QUANDO estreia nesta quinta (25)

    *

    "Canto somente o que pede pra se cantar / Sou o que soa eu não douro a pílula" é um dos trechos da canção "Muito Romântico", de Caetano Veloso. Trinta e nove anos depois da gravação, a música dá título a um filme.

    Definitivamente os diretores Gustavo Jahn e Melissa Dullius não douram a pílula. "Muito Romântico" é uma obra de experimentação, o que torna sua assimilação um desafio (muitas vezes, excitante), jamais um passatempo.

    Dullius e Jahn, conhecido como o protagonista de "O Som ao Redor" (2012), de Kleber Mendonça Filho, aparecem inicialmente em um cargueiro que os leva para a Alemanha. Em Berlim, procuram apartamento, fazem amigos e música, filmam. Em última instância, contudo, qualquer síntese resulta inútil. Não sabemos, por exemplo, o que é registro da trajetória do casal e o que é encenado por eles.

    Como nos filmes dos brasileiros Rogério Sganzerla (1946-2004) e Julio Bressane, a linearidade inexiste ou está por um fio. Ambos, aliás, são influências claras do casal de diretores, assim como Jack Smith, um dos pioneiros do cinema underground e da arte performática nos EUA.

    Como acontece em Smith, diretor de "Flaming Creatures" (1963), "Muito Romântico" é um filme que dissipa as fronteiras entre as linguagens do cinema, da fotografia e das artes plásticas, o que lhe permite transitar das salas de exibição às galerias de arte contemporânea. Sucedem-se colagens, performances musicais, leituras de poesias.

    Para quem se cansou das convenções estéticas de grande parte do cinema brasileiro, há oferta dupla em cartaz em São Paulo: "Beduíno", de Bressane, e o novo "Muito Romântico", de Jahn e Dullius. De certa forma, pai e filhos.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024