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    Escritora 'marginal' e contestadora, Juliana Frank estreia no teatro

    MARIA LUÍSA BARSANELLI
    DE SÃO PAULO

    26/05/2017 02h10

    Jorge Bispo/Divulgação
    Juliana Knust como a personagem Pérola na peça 'Por Isso Fui Embora', estreia no teatro da escritora Juliana Frank
    Juliana Knust como a personagem Pérola em 'Por Isso Fui Embora', estreia no teatro de Juliana Frank

    Juliana Frank diz que prefere ler peças teatrais a assisti-las. "Gosto de teatro para ser lido. Porque eu fumo, fico nervosa dentro do lugar, então eu prefiro ler e imaginar."

    Escritora e roteirista, a paulistana radicada no Rio precisou imaginar seus escritos transpostos no palco com "Por Isso Fui Embora", sua primeira peça, que estreou no Rio no ano passado e inicia uma temporada paulistana nesta sexta-feira (26).

    Frank, 31, conta que sempre quis escrever para teatro ("sou viciada em Shakespeare, sei de cor algumas peças; adoro 'Rei Lear'"). Mas "Por Isso" surgiu de um convite da atriz Camila Lucciola.

    Pediu-se que a história, dirigida por Régis Faria, tivesse um triângulo amoroso, e a autora criou uma teia de personagens desiludidos: uma escritora (Lucciola) descrente do amor, que vive uma série de relacionamentos fortuitos; o dono do bar que ela frequenta (Flavio Rocha); um fotógrafo (Joaquim Lopes) com quem ela se relaciona; e a mulher dele (Juliana Knust).

    A trama, como o relacionamento dos personagens, revolve em torno de um mesmo ambiente, o bar. "Quis criar um ambiente de asfixia", afirma a autora.

    É uma "estrutura mais simples, cotidiana", diz Frank, diferente de seus livros, muitos de tom contestador, banhados a sexo e com referências à literatura marginal.

    "Acho que ainda não cheguei numa linguagem muito completa [de teatro]." Segundo a autora, algumas primeiras versões do texto eram muito poéticas ou não funcionavam como diálogo e precisaram ser adaptadas ao longo dos ensaios da peça.

    Mas ela já prepara um novo espetáculo, um monólogo chamado "Nunca Aperte o Gatilho", que nasceu de um rascunho para um romance que "não deu muito certo" como livro. "É a história de uma stripper, é meio policial."

    No segundo semestre, seu livro mais recente, "Uísque Vergonha", também ganhará uma versão teatral, com adaptação e direção de Nelson Baskerville.

    Seu universo contestador ainda permeia uma animação que a escritora está criando. Deve se chamar "Parte de Escola" e retrata um grupo de alunos rebeldes dentro de uma instituição de ensino.

    Frank, que despontou no cenário literário com com "Quenga de Plástico" (2011), é afeita a aparições performáticas –na Flip do ano passado, chegou a interagir com um espelho e mostrar a calcinha para a plateia.

    Estudou teatro dos 7 aos 18, mas diz que não pensa em ser atriz. "Não me interessa nada que brilhe. Eu gosto de escrever porque o anonimato é legal e as pessoas esquecem que eu existo também. As pessoas dizem, 'nossa, você tem um jeito [para atuar]', mas também não vou ficar gastando ele, né?", brinca.

    "A minha vaidade não está aí. Minha vaidade está na minha bunda, eu malho ela e fico feliz."

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