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    Morre aos 89 anos, em Paris, o artista plástico brasileiro Arthur Piza

    ANTONIO MAMMI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    26/05/2017 13h18

    Adriano Vizoni/Folhapress
    SAO PAULO - SP - BRASIL, 13-11-2015, 16h20: ARTHUR PIZA. Arthur Piza, fotografado ao lado de sua mulher, Clélia, na exposicao do gravurista na Estacao Pinacoteca. (Foto: Adriano Vizoni/Folhapress, ILUSTRADA) ***EXCLUSIVO FSP***
    Arthur Piza, ao lado de sua mulher, Clélia, em exposição do artista na Estação Pinacoteca, em 2015

    O artista plástico Arthur Luiz Piza morreu na manhã desta sexta-feira (26) aos 89 anos, em decorrência de uma doença hematológica. Piza estava internado havia 20 dias em um hospital de Paris, cidade em que vivia desde 1951.

    Piza expôs na 1º Bienal Internacional de São Paulo em 1951 e, após a mostra, mudou-se para Paris. Na Europa, o artista começou a aperfeiçoar sua técnica de gravura. Assim, ganhou destaque nas bienais em solo paulistano, como em 1953, quando recebeu o Prêmio Aquisição, e em 1959, quando ganhou o Prêmio Nacional de Gravura.

    Sua formação artística foi marcada pela influência de dois mentores: o pintor Antonio Gomide (1895-1967), com quem aprendeu pintura e afresco e o polonês Johnny Friedlaender (1912-1992), cujo ateliê em Paris lhe serviu de laboratório para seus estudos de gravura.

    Inspirado pelo surrealismo, Piza se consagrou internacionalmente por meio de suas gravuras e relevos. "Ele introduziu a questão do relevo de forma muito original na Europa. Em termos de técnicas de gravura, foi considerado um dos maiores gravadores da segunda metade do século 20", afirmou o crítico de arte Paulo Sérgio Duarte.

    Segundo Duarte, as obras de Piza travavam um intenso diálogo com a produção do escultor construtivista Sergio Camargo (1930-1990), cujos relevos também ganharam notoriedade. Ambas as obras se influenciavam reciprocamente, num ciclo virtuoso.

    "Eu comecei pintando, e era atraído por esse lado da gravura", disse Piza à Folha em 2015. "Conhecia as de Goya e Rembrandt e acho que, inconscientemente, tinha essa coisa de poder fazer [arte] para mais gente ver", disse o artista, sobre a possibilidade de reproduzir até 99 vezes cada gravura.

    Piza, que também fez aquarelas e colagens, mantinha seu repertório em estado de renovação contínua. "Estive em seu ateliê há dois anos e ele se dedicava a uma nova fase da carreira, com obras de arame. Ainda estava investigando novas formas" disse o colecionador José Olympio Pereira.

    "Foi o primeiro da minha galeria, em 1973. Sua obra era colorida como ele" afirmou a galerista Raquel Arnaud.

    Além da relevante produção artística, Piza também teve papel importante na rede de solidariedade a exilados brasileiros que buscaram abrigo em Paris após o golpe militar de 1964. "Clélia [Piza, sua mulher] e ele os ajudavam a conseguir empregos, os colocavam em contato com outras pessoas", diz Rosa Freire d'Aguiar, jornalista e amiga do casal.

    Ele deixa a mulher, Clélia Piza. Não teve filhos.

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