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    Supersensorial, mostra em Londres revisita 50 anos de Pink Floyd

    LÍGIA MESQUITA
    EM LONDRES

    28/05/2017 02h00

    Por 20 libras (cerca de R$ 88), a então banda The Tea Set comprou uma van Bedford preta. Era 1965 e eles usariam o carro para viajar de Cambridge, onde viviam, a Londres, para apresentações.

    É pela porta desse carro-instalação que o visitante entra em "Pink Floyd: Their Mortal Remains" (Pink Floyd: seus restos mortais), exposição comemorativa dos 50 anos do primeiro disco da banda inglesa, inaugurada no último dia 13 no museu Victoria and Albert, em Londres.

    Daquela van, o desembarque acontece em um ambiente totalmente psicodélico, com cartazes das primeiras apresentações da banda, já rebatizada de Pink Floyd, e projeções de "Alice no País das Maravilhas" (1966), de Jonathan Miller.

    É por esse buraco do coelho de Alice que o público cairá na exposição, cheia de elementos visuais impactantes, e entenderá, de maneira cronológica, como o Pink Floyd –banda que vendeu mais de 200 milhões de álbuns– ajudou a definir o rock progressivo.

    São mais de 350 itens expostos, entre instrumentos (tem até as moedinhas que serviram de percussão em "Money"), fotografias, objetos de cenário e uma sala inteira dedicada aos sintetizadores usados pelo grupo.

    Uma informação necessária: além de ter de comprar o ingresso (20 libras) com antecedência (há horário de entrada e longas filas), não é preciso ser muito fã da banda para apreciar a exposição. A ótima curadoria e expografia abraçam até quem não conhece muito aquele som, dando um panorama de como o Pink Floyd soube aliar música a diversas expressões visuais.

    Entre as muitas partes interessantes, há uma carta da BBC dando bronca na banda porque o vocalista, Syd Barrett (egresso em 68), saiu de uma sessão de gravação. Também há uma compilação de lembranças da faculdade de arquitetura em Cambridge, onde Roger Waters, Nick Mason e Richard Wright formariam o Floyd. Há até um projeto de Waters para a estação de trem da cidade –outros desenhos e letras dele estão lá.

    Um detalhe curioso: não há som ambiente. Todo visitante recebe um audioguia, que, por sensor, toca músicas da banda referentes ao ambiente da exposição.

    Os espaços dedicados a quatro álbuns, "The Dark Side of The Moon" (1973), "Wish You Were Here" (1975), "Animals" (1977) e "The Wall" (1979) têm atenção especial.

    No de "Wish..." há várias imagens feitas pelo estúdio de design Hipgnosis, de Aubrey Powell e Storm Thorgerson, responsável pelas capas icônicas de discos da banda. Está ali a sequência de fotos com dublês, de dois homens se cumprimentando enquanto um deles está em chamas.

    De lá, o visitante cai numa sequência de "uaus" com as instalações de "Animals" e "The Wall". Na primeira, o museu reproduziu a termelétrica de Battersea, onde a foto de capa foi feita, e colocou nela um porco gigante inflável. Para "The Wall", estão ali os bonecos gigantes dos cenários da turnê.

    A trajetória da banda sem Waters, a partir de 1985, também é bem contada, mas com foco maior na parte visual.

    Com a plateia já ganha, é hora de curtir a projeção em 360°, com som ambiente, da performance de "Comfortably Numb" no último show com todos integrantes juntos, em 2005, antes da morte de Wright. Todo mundo sentado no chão, confortavelmente entorpecido.

    A exposição fica em cartaz até 1º de outubro.

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