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    Mulher-Maravilha, heroína criada em 1941, estrela seu primeiro longa

    ROSLYN SULCAS
    DO "NEW YORK TIMES"

    31/05/2017 02h05

    Divulgação
    Mulher-Maravilha [Wonder Woman, Estados Unidos, 2016], de Patty Jenkins (Warner). Gênero: aventura. Elenco: Gal Gadot, Robin Wright, Chris Pine. 3D/ Dolby Atmos ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Cena de 'Mulher-Maravilha' de Patty Jenkins

    A Mulher-Maravilha ergue os ombros, corrige a postura, contempla a paisagem devastada pela guerra, e sai correndo, escudo erguido contra a torrente de balas disparadas pelas metralhadoras alemãs.

    "Sim! Vai, garota!", grita Patty Jenkins, diretora do "Mulher-Maravilha", para a atriz israelense Gal Gadot, 32, em Leavesden, na Inglaterra.

    A temperatura estava pouco acima do zero, e Gadot, usando o uniforme de bustiê de couro, saia sumária e botas à altura dos joelhos acabava de contemplar a enésima tomada de sua heroica corrida pelo terreno enlameado.

    O filme, que estreia nesta quinta (1º), será a primeira produção sobre super-heróis com uma mulher no papel-título em mais de uma década, e é a primeira produção desse tipo dirigida por uma mulher.

    Também será a primeira vez que a personagem, surgida em 1941, no universo DC Comics, estrela um longa.

    Os super-heróis homens são constantemente repaginados no cinema, num reflexo da crença generalizada em que o público do segmento é majoritariamente masculina.

    "Os estúdios compreenderam que tinham um ativo a explorar", diz Charles Roven, produtor do filme. Para Daniel Loria, diretor editorial da Boxoffice Media, estatísticas indicam que a audiência do segmento não é dominada por homens como se pensa.

    O histórico dos filmes de super-heroínas nem sempre é negativo –"Mulher-Gato" foi um fiasco em 2004, mas "Elektra" se saiu bem em 2005.

    Pesaria contra o fato de Gadot ser pouco conhecida. Mas Doug Creutz, analista de mídia da corretora Cowan & Co., acha que a popularidade da personagem compensa.

    MISS MILITAR

    Após o ensino médio, Gadot foi Miss Israel e modelo antes de se tornar instrutora de combate no Exército israelense, nos dois anos de serviço militar obrigatório.

    Em seguida, a então estudante de direito tentou ser Bond girl. Não conseguiu, mas se interessou pela atuação. Meses depois faria uma série e mais tarde estaria na franquia "Velozes e Furiosos".

    O caminho na Warner Bros. também foi longo para a Mulher-Maravilha. Houve vários projetos desde os anos 1990.

    Em 2014, Michelle MacLaren assinou contrato, mas deixou a produção por discordâncias criativas com os produtores. O estúdio escolheu então Jenkins, de "Monster - Desejo Assassino".

    A diretora descreve o filme como "história de origem direta, fiel ao espírito positivo da Mulher-Maravilha, uma grande história de amor, com ótimo senso de humor".

    No longa, Diana Prince, nascida em Themyscira, ilha só de mulheres, é treinada como amazona guerreira. O primeiro homem que vê na vida é Steve Trevor (Chris Pine), piloto americano que faz um pouso forçado e revela que o mundo está em guerra. Depois que a ilha é atacada, ela decide tentar deter o conflito.

    William Moultin Marston, criador da personagem, posicionou Diana como alternativa aos agressivos super-heróis. Ela protege os inocentes, a beleza e o bem, além de dispor de superpoderes, armas mágicas e grande força física.

    Os desenhos originais eram provocantes, com bustiês reveladores e saltos altos contrários à mensagem feminista que a personagem supostamente personifica.

    Gadot conta que fãs criticaram seus seios por serem pequenos demais e que é comum que lhe perguntem sobre como conciliar trajes sumários e a mensagem do filme.

    "Como feminista, você deve poder usar o que quiser. O conceito é mal compreendido. Feminismo é igualdade, escolha e liberdade. A melhor maneira de mostrar isso é que Diana não tenha consciência de papéis sociais. Ela não está sujeita a fronteiras de gênero. Para ela, todos são iguais."

    Robin Wright, que vive Antíope, tia e mentora de Diana, diz que a obra é um marco histórico. "Nós éramos a maioria, eles eram a minoria."

    Para Gal Gadot, mãe de duas meninas, o papel poderá servir como um novo modelo de comportamento. "Vimos histórias demais pelo ponto de vista masculino; quanto mais narrativas fortes femininas houver, melhor. O filme inspirará as meninas, mas espero que ela se torne um ícone também para os homens."

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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