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    De alma mambembe, Grupo Galpão celebra 35 anos com mostra de peças

    MARIA LUÍSA BARSANELLI
    DE SÃO PAULO

    08/06/2017 02h00

    O teatro de rua e a pesquisa da linguagem popular estão na gênese do Grupo Galpão. Mas, ao longo de seus 35 anos, a companhia mineira se dedicou também a experimentar outros gêneros no palco.

    Não à toa, o coletivo elegeu para a celebração de aniversário cinco de suas 23 peças que traduzem sua heterogenia:

    Duas montagens de rua ("Os Gigantes da Montanha" e "Till, a Saga de um Herói Torto" ), uma musical ("De Tempo Somos" ) e duas de palco –"Tio Vânia (Aos que Vierem Depois de Nós)" e "Nós", esta última, mais próxima da performance.

    As apresentações começam nesta quinta (8) em Belo Horizonte e seguem para Rio, Natal, João Pessoa e Aracaju (uma temporada em São Paulo está em negociação).

    A abertura à experimentação, afirma Eduardo Moreira, ator e um dos fundadores da companhia, é um dos motores da longevidade do Galpão. "Somos um grupo que não ficou preso a um único tipo de linguagem." A estrutura do coletivo também é ajudada por patrocínios, como o que tem há 15 anos da Petrobras.

    Formada essencialmente por atores, a companhia não tem um diretor fixo: geralmente convida outros artistas para a função. Já foram dirigidos por nomes como Paulo José, Cacá Carvalho, Gabriel Villela e o russo Jurij Alschitz.

    Ainda assim, mantêm uma identidade sólida, investindo numa linguagem poética, diz Villela, que os dirigiu em "Romeu e Julieta", "A Rua da Amargura" e "Os Gigantes da Montanha". "Eram chamados de gauleses, porque, como a turma de Asterix, eles são blindados, é uma fortaleza."

    A solidez se repete no Galpão Cine Horto, espaço da companhia em Belo Horizonte que recebe oficinas e outros artistas e se tornou uma referência cultural da cidade.

    "O grupo construiu uma certa genética do teatro de Belo Horizonte. Muitos grupos nasceram do Galpão", diz a mineira Yara de Novaes, que já atuou com a companhia (em "O Inspetor Geral" ) e a dirigiu em "Tio Vânia".

    Os mineiros ainda mantêm o aspecto mambembe de sua formação. Segundo o grupo, já se apresentaram em mais de 260 cidades diferentes.

    "Eles têm um alcance enorme, chegam aos rincões do Brasil", afirma Marcio Abreu, que dirigiu o último trabalho do Galpão, "Nós" (2016). "Algumas apresentações [de rua] chegam a ter 12 mil pessoas."

    Para o próximo projeto, irão repetir a parceria com Abreu. "Ainda não sabemos o que vamos montar, mas estamos lendo muita coisa contemporânea", diz Moreira. "Trabalhamos com obras de Ivan Viripaev, textos de Joël Pommerat e Nelson Rodrigues."

    Também planejam dar um novo destino à perua Veraneio 1974. Usada pelos artistas nos primórdios do grupo como transporte em turnês, depois foi transformada em cenário de "Romeu e Julieta" (1992) e virou xodó da companhia.

    "Ela precisa de uma reforma, mas a gente está pensando em usá-la como nossa loja [de itens como livros e DVDs] nas turnês", conta Moreira.

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    GALPÃO 35 ANOS
    QUANDO a partir de quinta (8), com sessão de "Nós" no teatro SesiMinas (r. Padre Marinho, 60, Belo Horizonte, tel. 31-3241-7181)
    PROGRAMAÇÃO grupogalpao.com.br

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    com que roupa?

    Diferentes linguagens do Grupo Galpão

    RUA
    Origem do grupo, o teatro de rua pode ser visto em "Romeu e Julieta", "Till" e "Os Gigantes da Montanha"

    PALCO
    O grupo investiu no drama e no palco tradicional em "Álbum de Família". "Tio Vânia" é outro exemplo

    MÚSICA
    Apesar de sempre ter música nas peças, o Galpão foi além, criando um sarau em "De Tempos Somos"

    PERFORMANCE
    Em "Nós", a companhia se voltou à pesquisa do diretor Marcio Abreu, mais próxima da performance

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