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    Com 31 espetáculos, festival circense ressalta lado 'sensível' do picadeiro

    MARIA LUÍSA BARSANELLI
    DE SÃO PAULO

    08/06/2017 13h53

    Em sua quarta edição, o Circos - Festival Internacional Sesc de Circo deixa de lado a vertente "espetaculosa", de números grandiosos, do picadeiro. Esta edição, que começa nesta sexta-feira (9) e vai até o dia 18 de junho, ressalta o aspecto "sensível" da linguagem circense.

    A curadoria neste ano reuniu espetáculos que tocam temas como a fragilidade e as inquietações humanas. A companhia australiana Casus Circus, por exemplo, deixa claro a discussão em "Knee Deep", na qual pisa literalmente em ovos sobre o palco sem que eles se quebrem.

    Trata-se de uma mostra de tendências do gênero circense e, para o diretor regional do Sesc, Danilo Santos de Miranda, a temática espelha a produção atual: embebida de outras artes e com características próximas de espetáculos teatrais, como uma dramaturgia mais estruturada.

    "O circo no Brasil tradicionalmente junta várias linguagens. Essa multilinguagem circense é um valor nosso."

    Outro tema que permeia os 31 espetáculos (18 nacionais e 13 estrangeiros), além das oficinas, são os conflitos causados pelo embate de opostos, como o tradicional X o contemporâneo, o urbano X o rural, a convivência entre culturas distintas.

    "Esta edição se propõe a refletir sobre os conceitos de centro, borda e identidade, não apenas no sentido geográfico, mas também no âmbito simbólico relacionado à quebra de limites e fronteiras", afirma Lucas Molina, curador do festival.

    É o que se vê no espetáculo vietnamita "A O Lang Pho "" o Vilarejo e a Cidade", que abre a mostra nesta sexta-feira. Manipulando bambus e cestos de vime em meio a suas acrobacias, os artistas discutem a acelerada urbanização pela qual seu país passou nas últimas décadas.

    Outro debate de viés político está em "Mito - Jogos de Recusa", parceria entre o brasileiro Marcos Nery e a canadense ameríndia Ivanie Aubin-Malo. Mesclando dança e acrobacias, eles falam sobre a colonização e perpassam temáticas indígenas como o xamã e o mito da criação.

    Já a bailarina e trapezista Rosiris Garrido, brasileira radicada na Alemanha, focou sua pesquisa no Retiro dos Artistas, instituição carioca que acolhe artistas da terceira idade. Em "Tempo e(m) Movimento", Garrido usa cadeiras de balanço, ampulhetas e pêndulos para debater a jovialidade e a maturidade.

    A paulistana Companhia do Polvo também busca a delicadeza em seu primeiro espetáculo, que estreia no festival: o infantil "Telhado de Ninguém" se inspira na estética do cinema mudo.

    Em "Rastros", a carioca Circo Crescer e Viver cria uma narrativa surrealista a partir de fotografias, poemas e textos que resgatam as memórias dos próprios artistas.

    *

    CIRCOS - FESTIVAL INTERNACIONAL SESC DE CIRCO
    QUANDO 9 a 18/6
    ONDE unidades do Sesc: Belenzinho, Bom Retiro, Campo Limpo, Carmo, Centro de Pesquisa e Formação, CineSesc, Consolação, Ipiranga, Itaquera, Pinheiros, Pompeia, Santana e Vila Mariana
    QUANTO grátis a R$ 40
    PROGRAMAÇÃO circos.sescsp.org.br

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