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    Série da HBO mostra como Gal Costa foi de cantora tímida a 'estratosférica'

    AMANDA NOGUEIRA
    DE SÃO PAULO

    10/06/2017 02h15

    "Você é a maior cantora do Brasil", teria dito João Gilberto a Gal Costa, na época ainda conhecida como Gracinha, após fazê-la buscar seu violão e entoar uma canção atrás de outra em um encontro em Salvador, no início dos anos 1960.

    O elogio era tudo que a garota, que começava a ficar conhecida na região, sonhava em ouvir –tamanha foi a influência do ídolo que chegou a ser chamada de João Gilberto de saia no início da carreira.

    A história, já vista e revista nos autos da música brasileira, é uma entre as narradas na série documental "O Nome Dela é Gal", que estreia no domingo (11), às 22h, na HBO.

    "Acho este momento mais do que apropriado para rever minha história", diz Gal Costa, 71, que celebrou 50 anos de carreira com o álbum mais recente, "Estratosférica", em 2015 –a cantora gravará um DVD do mesmo repertório no sábado (23) e no domingo (24), na Casa Natura Musical.

    "[Foi] uma delícia rever tudo que fiz, ver como sou arrojada e como tenho carreira rica que se mantém fresca e renovada até os dias de hoje."

    O primeiro episódio da produção, que será exibida em 24 países da América Latina, mostra como Maria da Graça Costa Pena Burgos, uma menina tímida, se tornaria Gal Costa –nome dado pelo empresário Guilherme Araújo.

    Em uma parte do depoimento inicial, Gal fala sobre a separação dos pais, após a mãe descobrir que o marido mantinha outra família em Marcionílio Souza (360 km de Salvador). Para a cantora, são águas passadas. "Lembranças são todas boas como a vida com seus altos e baixos."

    Um dos pontos altos são narrações de escritos pouco conhecidos da cantora, que pretende lançá-los num livro.

    O vídeo dedica boa parte do tempo para explorar a amizade com Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia, convidados que prestam depoimentos generosos.

    Bethânia, que diz não falar com Gal há anos, desde que Dona Canô morreu, em 2012, exalta Gal como a voz brasileira mais cristalina desde Dalva de Oliveira. A série adota o mesmo tom reverencioso.

    "O fato é que desde o começo recebi muitos elogios que me deram muita força e certeza do que sempre quis. Nunca quis ser outra coisa na vida a não ser cantora", diz Gal.

    Dirigidos por Dandara Ferreira, os quatro episódios –com cerca de 1h cada– enfocam mais a carreira do que a vida particular. "Ela é reservada, conta a história dela de uma forma humilde, mas não gosta que invada o espaço dela", afirma Ferreira.

    "Gal Costa é uma artista subversiva que está sempre em transformação e essas transformações têm a ver com cada época", explica a cineasta.

    Em seguida, a série aborda a ruptura na carreira bossa-novista quando a cantora assimila maior expressividade a partir de "Divino Maravilhoso" e torna-se um marco do tropicalismo na ditadura.

    Estão registrados também o período mais pop, durante a redemocratização do país, e o momento atual, com a turnê de "Estratosférica".

    NA TV
    O NOME DELA É GAL
    Série de quatro episódios
    QUANDO às 22h, aos domingos (a partir do dia 11/6), na HBO

    Edição impressa

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